Sermão na
igreja de Rocha Miranda ontem teve um clima
diferente.
Pastor lembrou a participação de Eike Batista em
um dos cultos. Caio Sartori / Agência O Dia
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Religioso faz culto sobre
'ascensão e queda' e critica os 'evangélicos de fachada'
Quando Eike Batista participou de
culto em uma Assembleia de Deus de Rocha Miranda, ano passado, muitos se
perguntaram se o ex-bilionário havia, de fato, se convertido. Ontem, no dia em
que o empresário foi preso, o próprio pastor que recebera Eike na igreja
colocou a ideia em xeque. “Se ele seguisse Cristo, do jeito que o Senhor falou
para ele aqui, ele estaria livre”, vociferou Daniel Silva, o Danielzinho, no
mesmo culto a que o novo preso de Bangu 9 assistiu há cerca de cinco meses. Os
fiéis vibraram.
Eloquente, enfático e persuasivo,
o pastor se exaltou ao mencionar alguém que teria usado a prisão de Eike para
duvidar do poder de sua igreja. E não guardou os xingamentos para si.
‘Imbecil’, ‘idiota’, ‘panaca’ e ‘profetinha de araque’ foram alguns dos
escolhidos.
Cerca de 200 fiéis lotaram a
discreta igreja da Zona Norte, cujo portão de entrada divide espaço com uma
loja de operadora de televisão. No culto, que começou pouco depois das 15h e
passou das 18h, não foram poucos os que se emocionaram, e até choraram, após
ouvir o sermão.
Rocha Miranda ocupa a 108ª posição
na lista de bairros do Rio por renda per capita, com média de R$ 2.098 mensais,
segundo o último censo do IBGE. Jardim Botânico, onde Eike mora, é o 7º, com R$
10.565. A aparição do empresário, na época, surpreendeu e viralizou na
internet.
Quando o vídeo da ‘conversão’ foi
divulgado, O DIA também visitou o local e conversou com
funcionários para saber como havia sido aquela presença inusitada. Eike
sentou-se na primeira das 12 fileiras, em uma cadeira branca de plástico —
igual a todas as outras que ocupam o espaço. E ergueu a mão quando o pastor
pediu uma forcinha aos fiéis para ‘expulsar o demônio’ do corpo de uma mulher
que se debatia no chão. Ninguém soube dizer se ele contribuiu com o dízimo.
Ontem, em várias ocasiões, as
frases de efeito do pastor se encaixavam na história de ascensão e queda
daquele que já foi o homem mais rico do Brasil — mesmo quando não mencionavam o
empresário. “Quem estava rico vai ficar pobre e quem estava pobre vai ficar
rico. Quem tinha não vai ter, quem não tinha vai ter.” E mais: “Quem está em
cima vai cair. Quem acha que é, não é nada. Porque Deus vai fazer justiça”,
vaticinou, a certa altura. Os discípulos, de mãos dadas, exaltavam-no:
‘Aleluia!’
Parede do banheiro é baixa e
chuveiro é de água fria
A cela para onde Eike Batista foi levado ontem possui três beliches de concreto, 16 metros quadrados e costuma abrigar oito internos, dos quais dois dormem no chão, em colchonetes. Não foi o caso do empresário. Segundo a Seap, na cela do empresário, estão outros cinco internos. Seus nomes não foram divulgados por questões de segurança.
A cela para onde Eike Batista foi levado ontem possui três beliches de concreto, 16 metros quadrados e costuma abrigar oito internos, dos quais dois dormem no chão, em colchonetes. Não foi o caso do empresário. Segundo a Seap, na cela do empresário, estão outros cinco internos. Seus nomes não foram divulgados por questões de segurança.
Antes de entrar na cela, que foi
fechada às 17h, Eike recebeu o uniforme, um kit higiênico (com shampoo,
sabonete, pasta de dente e escova dental), um colchonete, travesseiro, roupa de
cama e toalha. Uma quentinha seria o seu jantar. As paredes do banheiro da cela
são baixas, permitindo que quem o usa seja visto do lado de fora. Além disso,
só tem água fria.
Ontem, no mesmo presídio um agente
foi detido com celulares, Viagra, cartão de celular e dinheiro. Ele foi levado
para a delegacia. A unidade não possui bloqueador de celular.
Internautas se divertiram com
memes
A prisão de Eike encheu a internet
de sátiras. Nem Luma de Oliveira, ex-mulher do ricaço, foi poupada. Um dos
‘memes’ mais compartilhados é uma montagem do empresário com uma coleira no
pescoço que traz o sobrenome do juiz Sérgio Moro, manda-chuva da Lava-Jato — em
referência ao Carnaval em que a ex-modelo desfilou vestindo uma coleira com o
nome do então companheiro, em 1998.
“Chocado que o Eike Batista era na
verdade o Lex Luthor (vilão careca de histórias em quadrinhos)”, escreveu um
internauta, no Twitter, na legenda da foto de Eike sem cabelo, após se entregar
à Justiça.
Houve quem se vangloriou por, pela
primeira vez, estar em situação melhor do que aquele que chegou ao posto de
sétimo mais endinheirado do planeta em 2012: “Quem diria que em 2017 eu estaria
melhor que o Eike Batista!”. A principal notícia de ontem inspirou até flertes
virtuais: “Eike Batista se entregou à polícia e você aí resistindo para se
entregar nos meus braços!”.
Reportagem de Caio Sartori
O DIA
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