Com altos
índices de inflação, pilhas de dinheiro se tornaram
comum nas ruas
da Venezuela. Gett/ REUTERS/William Urdaneta
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País mudou sistema monetário para
se ajustar à alta de preços
Grandes filas para comprar o pão
de cada dia marcam a rotina do povo da Venezuela em meio à galopante inflação
que assola o país, corroendo o poder de compra do bolívar, a moeda nacional.
Em algumas padarias de Caracas,
para evitar o caos, foram distribuídas senhas para os cidadãos adquirirem dois
tipos de pães, ao preço fixo de 26 centavos de dólar. Para a professora
Catalina Díaz, de 45 anos, é preciso passar por uma "humilhação a mais"
para levar um pão diário para a mesa.
"Estou cansada de fazer fila
para encher meu estômago e dos meus filhos porque não consigo farinha, pão ou
massa. As importadas, eu não posso comprar", disse à ANSA. As amplas filas
nas padarias acontecem três vezes por dia, e na maioria dos casos só acabam
quando termina o pão.
"A necessidade nos força a
estar aqui por duas, três, quatro horas, até que saia o pão, é a única coisa
que ainda dá para comprar e comer", contou o carpinteiro Emilio Belisario,
de 58 anos. Nos últimos meses, o produto se somou à ampla lista de alimentos e
artigos difíceis de encontrar na Venezuela devido à escassez de mercadorias.
Uma situação que o governo do
presidente Nicolás Maduro atribui a um suposto "plano político para
prejudicar a revolução bolivariana". No entanto, o chefe da Federação
Venezuelana de Industriais da Panificação e Afins (Fevipan), Tomás Ramos López,
culpa a falta de importação de trigo para produzir farinha.
"Enquanto tivermos
matéria-prima, vamos seguir produzindo, porque os primeiros a não querer filas
são os padeiros. Queremos que as pessoas tenham acesso ao pão", garantiu.
Por sua vez, o diretor do Centro de Documentação e Análise para os
Trabalhadores (Cenda), Oscar Meza, disse que a situação é tão grave que
acentuou a escassez em quase todos os alimentos.
"O panorama neste momento é
muito mais grave. Vamos enfrentar uma contração da economia equivalente à de um
país em guerra", acrescentou, referindo-se às previsões de uma queda de
20% no Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela em 2016.
Na última segunda-feira (16),
começaram a circular no país as novas cédulas de 500, 5 mil e 20 mil bolívares,
criadas para ajustar o sistema monetário à inflação, que pode ter chegado a
480% em 2016 - dados consolidados ainda não foram divulgados.
Também serão disponibilizadas
notas de 1 mil, 2 mil e 10 mil bolívares, além de moedas de 10, 50 e 100, estas
já em circulação desde dezembro. Até o fim do ano passado, a cédula mais alta
era a de 100 bolívares.
Ansa
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