Ex-presos vão facilitar negociações
entre governo e guerrilha. Decisão foi fundamental para descongelar
negociações, diz arcebispo.
O governo da Colômbia vai libertar
presos do Exército da Libertação Nacional (ELN) para que possam atuar como
"gestores da paz" e facilitem assim as negociações entre Bogotá e
esta guerrilha, informou nesta terça-feira (11) o arcebispo de Cali, monsenhor
Darío Monsalve, intermediário dos diálogos.
"O governo vai libertar alguns
presos do ELN que vão atuar, com já estão atuando alguns deles, como gestores
da paz. Profundos conhecedores das regiões envolvidas, certamente estarão na
mesa de negociações de Quito", afirmou Monsalve à rádio Caracol,
referindo-se à reunião que dará início, em 27 de outubro, à fase pública de
diálogos com os guerrilheiros.
Em Caracas, delegados do ELN e do
governo de Juan Manuel Santos anunciaram na segunda-feira que no próximo dia 27
terão início na capital equatoriana as negociações formais para tentar dar fim
a um confronto armado de mais de meio século. Em março passado, as partes
haviam anunciado a instalação de uma mesa de diálogo.
Segundo o arcebispo, que participa
como um intermediário das negociações com a segunda principal guerrilha da
Colômbia depois das Farc, o ELN tem cerca de 500 presos "e alguns requerem
uma solução humanitária para seus casos".
Essa questão poderá ser resolvida
nas próximas semanas, de forma simultânea à libertação dos sequestrados que
ainda estão em poder do grupo rebelde. O ELN pegou em armas em 1964 por
influência da revolução cubana.
A decisão de libertar alguns
rebeldes, como um pacto humanitário, foi fundamental para
"descongelar" as negociações, segundo explicou Monsalve.
O processo de negociação se viu
interrompido até agora pela exigência de Santos de que guerrilha devia libertar
primeiro todos seus sequestrados, como fizeram as Forças Revolucionárias da
Colômbia (Farc) para sentar-se à mesa de negociações em 2012.
Com o anúncio do acordo, o grupo
rebelde, que nas últimas duas semanas libertaram três civis que tinha em seu
poder, se comprometeu a deixar em liberdade outras duas pessoas nos próximos
dias.
A Colômbia vive um conflito armado
que confrontou durante mais de meio século guerrilhas, paramilitares e agentes
da força pública, com balanço de 260 mil mortos, 45 mil desaparecidos e 6,9
milhões de deslocados.
O anúncio do ELN e do governo
Santos chegou poucos dias depois que os colombianos rejeitaram em um referendo
o acordo de paz acertado com as Farc, depois de quase quatro anos de
negociações em Cuba.
Da AFP
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