© image/jpeg Plenário
do Senado – Fernando Collor (PTC-AL)
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Vinte e quatro anos após deixar a
Presidência da República como o primeiro mandatário da democracia brasileira a
sofrer um processo de impeachment, o senador Fernando Collor de Mello (PTC) dá
indicativos de que, a depender de seu voto, a presidente Dilma Rousseff
amargará o mesmo destino. Em um discurso histórico, Collor subiu à tribuna do
Senado nesta terça-feira para dizer-se alvo de uma “trama” em 1992 e afastar
semelhanças entre as duas ações de impedimento.
“Hoje, a situação é completamente diversa.
Além de infração às normas orçamentárias e fiscais, com textual previsão na
Constituição como crime de responsabilidade, o governo afastado transformou sua
gestão numa tragédia anunciada. É o desfecho típico de governo que faz, da cegueira
econômica, o seu calvário, e da surdez política, o seu cadafalso”, disse
Collor, lendo o discurso.
O ex-presidente recheou o seu
esperado pronunciamento com menções a artigos e livros que classificaram o
processo contra ele como um “golpe” de 1992. Ainda assim, ele saiu em defesa da
destituição de um presidente, classificada como um “remédio constitucional de
urgência” quando o governo, além de cometer crime de responsabilidade, perde as
rédeas do comando político e da direção econômica do país. “A verdade é que a
história brasileira passa a mostrar que a real política, com suas forças
embutidas e seus caminhos tortuosos leva, inescapavelmente, ao uso do
impeachment como solução de crises. Disso, não haveremos de fugir”, vaticinou.
Collor também recorreu a trecho de
emblemática nota chancelada por entidades favoráveis a seu impeachment.
Detalhe: o documento, de 1992, é assinado por membros do Movimento Sem Terra
(MST), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e União Nacional dos Estudantes
(UNE), fieis claques do governo petista. “A constatação de que a crise que
abala a nação não é, como se pretende insinuar, nem fantasiosa, nem
orquestrada, porém, originada do próprio poder Executivo, que se torna, assim,
o único responsável pela ingovernabilidade que ele mesmo criou e que tenta
transferir para outros setores da sociedade”, diz a nota.
A Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), que apresentou denúncia contra Collor, foi relembrada: “O país não vive,
como alardeiam setores mais radicais, qualquer clima de golpe. Até porque, a
nação não suporta mais tal prática. O que o povo brasileiro deseja, e tem
manifestado seguidamente, é a decência e a firmeza, traduzidas na transparência
e probidade no trato da coisa pública”. O documento é de agosto de 1992.
Em tom irônico, o ex-presidente
concluiu: “Ontem, senhor presidente, eram inúmeras as simulações. Hoje,
inúmeras são as dissimulações”. Na sequência, deixou o plenário. A votação do
impeachment de Dilma está prevista para esta quarta-feira.
Veja.com
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