Operação mira atuação ilegal de
banco panamenho no Brasil. Ação foi deflagrada em São Paulo,
Santos e São Bernardo do Campo.
Policiais federais estão nas ruas
nesta quinta-feira (7) para cumprir mandados judiciais referentes à 32ª fase da
Operação Lava Jato em São Paulo, Santos e São Bernardo do Campo. Foram
expedidos 17 ordens judiciais, sendo sete conduções coercitivas, que é quando a
pessoa é levada para prestar depoimento, e 10 mandados de busca e apreensão.
A ação, batizada de
"Caça-Fantasmas", é um desdobramento da 22ª fase, denominada de
triplo X, e investiga crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de
dinheiro e organização criminosa transnacional.
A atual fase identificou que o
banco panamenho FPB Bank atuava no Brasil, sem autorização do Banco Central,
com o objetivo de abrir e movimentar contas em território nacional e, assim,
viabilizar o fluxo de valores de origem duvidosa para o exterior, à margem do
sistema financeiro nacional.
Um dos mandados de condução é
contra Edson Paulo Fanton, que é representante do banco panamenho que atuava no
Brasil. A PF chegou ao prédio onde ele mora, no bairro do Gonzaga, um dos
principais de Santos, por volta das 6h10. O investigado não ofereceu
resistência e acompanhou os policiais até a sede da Polícia Federal, onde
chegou por volta das 7h30.
O G1 tenta contato com a defesa de
Fanton.
Há indícios, ainda segundo a PF,
de que o banco funcionava no Brasil como uma agência de private banking - uma
espécie de serviço destinados a clientes milionários, normalmente com caráter
individualizado.
A instituição também tinha como
produto a comercialização de empresas offshore que eram registradas pela Mossak
Fonseca - um escritório de advocacia e consultoria do Panamá suspeito de ter
criado offshore para pelo menos 57 pessoas suspeitas de partiicpar do esquema
de corrupção na Petrobras. A empresa foi citada na 22ª etapa da operação.
O nome offshore é dado a empresas
abertas por pessoas e empresas em um país diferente daquele em que se reside,
para aplicações financeiras e compra de imóveis. Ter uma offshore não é ilegal,
desde que a empresa seja declarada no Imposto de Renda.
Os serviços disponibilizados pelo
banco panamenho e pelo escritório Mossak Fonseca foram utilizados por pessoas e
empresas ligadas a investigados na Operação Lava Jato. Segundo a PF, com isso
foi possível concluir que recursos retirados irregularmente da Petrobras podem
ter transitado pela instituição financeira investigada.
De acordo com o Ministério Público
Federal (MPF), foram identificadas 44 offshores constituídas pela Mossack
Fonseca por solicitação dos funcionários do banco clandestino. Em documentos
apreendidos na 22.ª fase, a instituição panamenha é apontada como cliente e
constam como referência exatamente os funcionários do banco que atuam no Brasil.
O nome Caça-Fantasmas
"remete, dentre outros aspectos, a um dos objetivos principais da
investigação que foca na apuração de verdadeira extensão obscura da instituição
bancária no Brasil, bem como a vasta clientela que utiliza de seus serviços e
do escritório Mossak Fonseca para operações financeiras com características de
ilicitude e de forma oculta", destacou a PF.
22ª fase
A 22ª fase foi realizada no dia 27
de janeiro deste ano e tinha como alvo apartamentos da empreiteira OAS que,
segundo investigações, podem ter sido usados para repasse de propina do esquema
de corrupção da Petrobras.
A ação mirou suspeitos de abrir
empresas offshores e contas no exterior para ocultar propina. Entre os crimes
investigados estão corrupção, fraude, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Oitenta policiais participam da ação.
Segundo a PF, a empresa Mossack
Fonseca abriu offshores para esconder a propriedade de apartamentos de luxo em
Guarujá, litoral de São Paulo, que eram da Cooperativa Habitacional dos
Bancários (Bancoop) e que, em 2009, foram assumidos pela OAS.
A suspeita incial era de que as
unidades teriam sido usadas para repasse de propina. Um desses apartamentos
está no nome da empresa Murray, uma offshore aberta pela Mossack.
*Colaborou: G1 Santos.
Do G1 PR e da TV Globo em
Brasília
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