Delator entrega aos investigadores
as cópias dos cheques usados para pagar propina ao parlamentar petista que
traficou influência no Banco do Nordeste
Quando prenderam o ex-vereador
petista Alexandre Romano, no ano passado, os investigadores da Operação
Lava-Jato chegaram ao topo de um intrincado esquema de corrupção disseminado em
diferentes áreas do governo federal. Como um autêntico lobista, Romano usava a
proximidade com integrantes da cúpula do PT para abrir caminhos na burocracia
estatal a empresários dispostos a pagar generosas "comissões" por
contratos e privilégios na máquina pública.
O negócio era bom para os
empresários, que não precisavam lidar diretamente com os corruptos nas
repartições públicas para defender seus interesses. Era bom para os políticos
corruptos, que não precisavam lidar diretamente com os empresários corruptores
para receber seus pixulecos. A mágica toda era feita pelo
"consultor". Investido nesse papel, Romano fazia propina virar
dinheiro limpo, disfarçado a partir de contratos fajutos de consultoria jurídica.
O ex-vereador recebia o dinheiro, tirava sua parte, e repassava o restante aos
"padrinhos" políticos - um deles o deputado petista José Guimarães.
As provas dessa relação criminosa começaram a aparecer.
Líder do governo da presidente
Dilma Rousseff na Câmara, o petista José Guimarães também lucrou bastante
ajudando os corruptos. Para desgraça de Guimarães e de seus colegas petistas
que se locupletaram do dinheiro público, Romano, logo depois de preso, fechou
um acordo de delação premiada. Uma das suas qualidades, agora se sabe, era a
organização. Romano guardava notas fiscais, minutas de contratos e até cópias
dos cheques que repassava aos corruptos a título de propina.
Romano contou aos procuradores do
Ministério Público que o deputado José Guimarães havia usado sua influência
política junto ao Banco do Nordeste para destravar um negócio milionário. Em
troca, recebeu 95.000 reais de propina em dois cheques - um de 30.000 reais e
outro de 65.000. Além de descrever o golpe e a participação de Guimarães,
Romano apresentou a cópia do cheque. No canhoto do talão, ele registrou a
natureza do gasto: "despesas gerais JG", de José Guimarães. O deputado
petista preferiu não embolsar a propina. Usou o cheque para pagar os honorários
de seus advogados. Sem saber da origem do dinheiro, o escritório Bottini &
Tamasauskas Advogados confirmou a VEJA o recebimento do dinheiro, informou que
declarou a operação e já prestou todas as informações à Justiça. No auge do
esquema do mensalão, Guimarães teve um irmão preso com dólares escondidos na
cueca. Era a defesa dos advogados desse caso que Guimarães pagou com o cheque
da propina. Outro tremendo "batom na cueca" do parlamentar petista,
que pode custar a ele um processo por crime de corrupção e a até cassação de
seu mandato.
Veja.com
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