Batizado de Eros-B, equipamento
tem capacidade de definição de imagem de até 50 centímetros do solo
O Brasil vai contar com um ‘anjo
da guarda robotizado’ no céu durante a Olimpíada. Trata-se de um satélite de
tecnologia israelense, batizado de Eros-B, com capacidade de definição de
imagem de até 50 centímetros do solo, em um espaço de 450 quilômetros
quadrados. O equipamento, uma das principais armas para a prevenção de
possíveis ataques terroristas, já está operando em órbita brasileira desde esta
terça-feira, e é capaz, por exemplo, de identificar, a 520 quilômetros de
altura, a placa de um carro.
O Rio de Janeiro, que vai receber
um milhão de turistas, é o principal alvo de vigilância. O sistema vai ajudar a
garantir a integridade de 12 mil atletas, comissões técnicas, visitantes, 30
mil jornalistas, autoridades e chefes de Estado de 209 nações, também em Belo
Horizonte, Brasília, Salvador, São Paulo e Manaus. A atenção será redobrada
para aeroportos, portos e as 158 principais instalações de competições e
hospedagens.
De acordo com o ministro da
Defesa, Raul Jungmann, o satélite vai operar durante os Jogos Olímpicos e
Paralímpicos em uma altitude ainda mais baixa, a 450 mil metros, para monitorar
objetos, pessoas, automóveis, mercadorias e deslocamentos de veículos suspeitos.
O acordo com Israel prevê que o satélite ficará disponível para o Brasil por um
período de seis meses, e, futuramente, deverrá apoiar a fiscalização das
fronteiras.
“Essa tecnologia poderá nos ser muito útil na
implantação definitiva do Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de
Fronteiras, projeto estratégico do Exército)”, afirmou Jungmann em entrevista
coletiva, ao detalhar o projeto, orçado em mais de R$ 12 bilhões. Ao falar
sobre a chance de o Brasil sofrer um ataque terrorista, o ministro comentou que
“isto está no terreno das possibilidades, não das probabilidades”, garantindo
que até o momento não há nenhuma ameaça identificada.
O coronel Hélcio Vieira Júnior,
comandante do Núcleo do Centro de Operações Espaciais Principal (NuCOPE-P),
unidade da Força Aérea Brasileira (FAB), disse que o acordo prevê “futuras
transações comerciais” com Israel. “Enquanto estiver à nossa disposição, o
satélite será 100% controlado por militares brasileiros”, garantiu Hélcio. O
coronel adianta que as imagens — que deverão alcançar a casa dos bilhões —
serão compartilhadas entre todas as agências governamentais envolvidas na
segurança. Ao todo, 38 mil militares atuarão no contraterrorismo, sobretudo
atentos contra ataques com armas químicas.
Vídeo: Satélite 'Eros-B'
ajudará na segurança durante Jogos
Rio vai receber R$ 2,9 bi para
segurança pública nos Jogos
O presidente em exercício, Michel
Temer, assinou nesta terça-feira medida provisória (MP) que obriga a União
a prestar apoio financeiro no valor de R$ 2,9 bilhões ao Estado do Rio, que
decretou estado de calamidade pública, na semana passada, devido à crise
financeira. Segundo o texto, publicado em edição extra do Diário Oficial da
União, a quantia é para auxiliar nas despesas com a segurança pública dos Jogos
Olímpicos e Paralímpicos. Ou seja, não estão incluídos os R$ 989 milhões
restantes para a conclusão da Linha 4 do Metrô, cujo empréstimo pelo BNDES
aguarda aval do Tesouro Nacional.
A MP determina que o montante seja
entregue ao estado em parcela única, após abertura de crédito orçamentário.
Segundo a Casa Civil, uma segunda medida provisória será publicada, quando os
recursos estiverem disponíveis, para efetivar a liberação do dinheiro. O
ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, informou que isso ocorrerá em
breve. Como se trata de uma subvenção, o estado não tem de devolver a quantia.
De acordo com Padilha, todos os governadores concordaram que a União deve
ajudar o Rio em função dos Jogos. Na segunda-feira, Temer anunciou que o
pagamento das dívidas acumuladas pelos estados com o governo federal terão
carência até o final do ano.
A bancada do Psol na Assembleia
Legislativa do Rio apresentou ontem uma ação na Justiça e um Projeto de Decreto
Legislativo, na Alerj, para derrubar o decreto de calamidade pública. Os
parlamentares alegam que a medida cria um estado de exceção e desvia a
finalidade do Estado de Calamidade previsto em lei, que é para o socorro em
caso de desastres naturais. Criticam ainda que o direito seja usado para salvar
a Olimpíada, enquanto servidores e serviços essenciais enfrentam dificuldades.
O prefeito Eduardo Paes apresentou
ontem as contas da Rio 2016. Do orçamento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos,
estimado em R$ 39 bilhões, a prefeitura desembolsou, segundo ele, R$ 732
milhões para a construção de estádios e viabilizou 70,3% dos R$ 7,07 bilhões
gastos para instalações olímpicas – a maioria através de parcerias com a
iniciativa privada. Paes disse que 93,5% das arenas esportivas já foram
entregues e testadas, restando apenas o Velódromo, em construção, e que os 6,5%
restantes são de responsabilidade federal.
Colaboraram Gustavo Ribeiro,
Paloma Savedra e Wilson Aquino
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