Nestor
Cerveró permanece em silêncio durante sessão de depoimento
na CPI da
Petrobrás, realizada na Justiça Federal, em Curitiba (PR)
(Foto: Geraldo Bubniak/AGB/Estadão Conteúdo)
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Ex-diretor da Petrobras estava
detido no Paraná desde janeiro de 2015. Ele foi condenado a 27 anos de
prisão e é réu em 2 ações da Lava Jato.
O ex-diretor da área Internacional
da Petrobrasx Nestor Cerveró, que estava detido desde 2015 pela Lava Jato,
deixou a carceragem da Polícia Federal (PF) por volta das 8h40 desta
sexta-feira (24) e passa a cumprir a pena em casa.
O benefício de prisão domiciliar
foi obtido graças ao acordo de delação premiada firmado com o Ministério
Público Federal (MPF), e homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal
(STF), Teori Zavascki.
Ao G1, o advogado Igor Arthur
Rayzel disse que Cerveró está aliviado com o novo regime prisional, mas que tem
consciência que a progressão não significa a liberdade. "Ele está muito
tranquilo e, apesar disso, as colaborações continuam e os processos
também", relatou Rayzel.
Cerveró, conforme o advogado, terá
que cumprir regras para não perder o benefício como sair de casa somente em
casos de emergências médicas e audiências na Justiça, e não deixar o país.
Durante o período, que deve durar cerca de um ano e meio, ele será monitorado
por uma tornozeleira eletrônica. O equipamento foi instalado na quinta-feira
(23).
Da carceragem da PF, o ex-diretor
seguiu para o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais. De lá, ele
seguirá em um voo comercial para a casa da família, em Itaipava, no Rio de
Janeiro. No avião e na chegada ao Aeroporto do Galeão, Cerveró será escoltado
pela PF.
Cerveró já foi condenado pela Lava
Jato em duas ações penais a 27 anos e quatro meses de prisão e responde por
crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Contudo, por conta da
delaçao, ele poderá cumprir no máximo 25 anos. O ex-diretor é reú em outros
dois processos.
O acordo de delação prevê que o
ex-diretor devolva mais de R$ 17 milhões aos cofres públicos em razão dos
crimes cuja autoria assumiu durante as investigações da Lava Jato.
De acordo com a Polícia Federal
(PF) e com o MPF, Cerveró, na condição
de diretor Internacional da Petrobras, se beneficiou do esquema de fraude,
corrupção e desvio de dinheiro, recebendo propinas milionárias em virtude de
diferentes contratos da Petrobras e também na compra da refinaria de Pasadena,
nos Estados Unidos.
A deleção dele foi homologada após
a divulgação de uma gravação feita numa reunião do senador Delcídio do Amaral com
o chefe de gabinete dele, Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o filho de
Cerveró, Bernardo. Diogo Ferreira teve a prisão temporária convertida para
preventiva.
Proximidade com políticos
Cerveró declarou no depoimentos de
delação, em dezembro de 2015, que mantinha proximidade com Delcídio desde
quando o senador trabalhava na Petrobras. Durante o governo de Fernando
Henrique Cardosox, Delcídio chegou a ocupar a diretoria de Gás e Energia.
Segundo o delator, o senador
recebeu propina em pelo menos dois contratos firmados entre multinacionais e a
estatal brasileira.
O ex-diretor da Petrobras disse
que em uma das oportunidades recebeu entre US$ 600 mil e US$ 700 mil de
propina. Ele acredita que Delcídio tenha recebido uma propina maior, já que era
superior hierárquico na diretoria de Gás e Energia.
A proximidade entre os dois
permaneceu com a eleição de Delcídio para o Senado e com a ascensão de Lula à
presidência. Segundo Cerveró, em 2006 o senador o procurou para lhe ajudar a
angariar US$ 2,5 milhões de propina. O valor seria usado para a campanha de
Delcídio o governo de Mato Grosso do Sulx.
No dia do depoimento, a defesa do
senador Delcídio Amaral preferiu não se manifestar sobre o assunto.
Confira os valores que Cerveró terá que devolver
Veja abaixo o que o ex-diretor da
Petrobras se comprometeu a devolver aos cofres públicos:
- R$ 825 mil que estão em fundos
de investimento (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União);
- Transferência imediata de 10.266
ações da Petrobras à empresa;
- 1 milhão de libras esterlinas em
contas em Londres (80% do valor para a Petrobras e 20% para a União);
- US$ 495 mil em contas sob
controle da offshore Russel em Nassau, Bahamas (80% do valor para a Petrobras e
20% para a União);
- R$ 6 milhões em dinheiro (80% do
valor para a Petrobras e 20% para a União) até o dia 1º de janeiro de 2017.
Caso não cumpra o prazo, perderá um imóvel que pertence a ele no Rio de
Janeiro;
- R$ 400 mil em dinheiro (80% do
valor para a Petrobras e 20% para a União) até 30 de junho de 2017. Caso não
cumpra o prazo, perderá duzentos e vinte e dois hectares da Fazenda Serra da
Estrela, em Teresópolis (RJ);
- R$ 2,4 milhões (80% do valor
para a Petrobras e 20% para a União) até janeiro de 2017. Caso não cumpra o
prazo, perderá um segundo imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;
- R$ 700 mil (80% do valor para a
Petrobras e 20% para a União) até 1º de janeiro de 2017. Caso não cumpra o
prazo, perderá um terceiro imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro;
- R$ 200 mil (80% do valor para a
Petrobras e 20% para a União). Caso não cumpra o prazo, perderá um terreno de 1
mil m² quadrados no Rio de Janeiro;
- R$ 900 mil (80% do valor para a
Petrobras e 20% para a União). Caso não cumpra o prazo, perderá um quarto
imóvel que pertence a ele no Rio de Janeiro.
Do G1 PR
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