Depois de se negar a dialogar com
o governo do presidente em exercício Michel Temer, a Central Única dos
Trabalhadores (CUT) aceitou participar da mesa de negociações com outras quatro
centrais sindicais sobre a reforma da Previdência e outras questões
trabalhistas. O resultado das conversas será levado ao novo governo. Ligada ao
PT, a CUT não reconhece a legitimidade do governo Temer e defende a volta da
presidente Dilma Rousseff. Segundo dirigentes da CUT, o fato de aceitar
participar das conversas com as demais entidades não significa reconhecer o
governo Temer.
Na segunda-feira passada, as
outras quatro centrais (Força Sindical, Nova Central, UGT e CSB) estiveram com
Temer para criar um mecanismo permanente de negociações sobre a reforma da
Previdência e outros temas da pauta trabalhista. As quatro entidades ficaram de
se reunir na próxima segunda-feira para formular uma proposta que seria
apresentada no dia 30. CUT e CTB, ligada ao PC do B, foram convidadas mas se
recusaram a participar da reunião com Temer por considerarem o governo em exercício
ilegítimo.
Na sexta-feira, o presidente da
CUT, Vagner Freitas, almoçou em um restaurante no bairro da Mooca, na zona
leste de São Paulo, com representantes da Força Sindical e UGT.
"Combinamos com o governo que as quatro centrais fariam uma proposta mas
achamos por bem que todas as centrais participem porque não é uma
responsabilidade só nossa. O pessoal da CUT disse 'nós topamos mas precisamos
de um tempo para discutir com toda a direção'", disse o secretário-geral
da Força, João Carlos Gonçalves, o Juruna.
Por causa disso as centrais
pediram ao governo uma semana de prazo para incluírem a CUT na formulação da
proposta. Segundo Juruna, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da
Força (SD-SP), foi encarregado de falar com o presidente em exercício para
redefinir o cronograma. "Eles (CUT) propuseram que a gente modifique a
data", disse Juruna.
'Ilegítimo'. Segundo o
secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, que também participou do almoço, o fato
de ter aceitado participar da elaboração da proposta que será apresentada a
Temer não muda a posição da central em relação ao governo em exercício.
"As centrais têm um foro
antigo para temas da pauta trabalhista, um espaço para a construção de
consensos. Quanto ao Temer a CUT tem uma posição muito clara. O governo é
ilegítimo e vamos trabalhar para que Dilma reassuma. Não vamos sentar com
Temer", disse Nobre.
De acordo com ele, a CUT aceitou
discutir propostas para a reforma da Previdência de uma forma genérica e não
especificamente para serem apresentadas ao presidente em exercício. "O
consenso que as centrais construírem será de domínio público. Pode ser usado
por universidades, governos municipais, por quem quiser. Não significa que
vamos negociar com Temer de forma direta nem indireta", afirmou.
Segundo Juruna, a participação da
CUT é importante porque a reforma será decidida no Congresso e as todas
centrais esperam apoio do PT para evitar a perda de direitos. O governo ainda
não formulou uma proposta concreta mas ministros falam na criação de uma idade
mínima de aposentadoria inclusive para trabalhadores que já estão no mercado.
Estadão
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