Manifestação do MPL, em janeiro de 2015.
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"Um aumento é só mais um
obstáculo para chegar à tarifa zero", diz Luíze Tavares, do Movimento
Passe Livre (MPL). "Vamos ver as justificativas do Governo para esse
aumento, mas já sabemos que as decisões são sempre políticas", diz.
As administrações afirmam que os
reajustes estão sendo feitos abaixo da inflação anual. Argumentam também que os
valores do Bilhete Único Temporal (que inclui o Mensal, Semanal e 24 horas) não
serão alterados e que quase 20% dos usuários não pagam a tarifa —são os estudantes
beneficiados pelo Passe Livre Estudantil, criado neste ano, os trabalhadores
desempregados, pessoas com deficiência e idosos acima dos 60 anos— o que
resulta em um subsídio alto a ser pago pela Prefeitura sob o comando de
Fernando Haddad (PT).
O ano que vem, de eleições
municipais em que Haddad deve ser candidato à reeleição, torna o cenário mais
delicado e o prefeito deve atuar para evitar maior desgaste político por causa
da alta. Além da tarifa de ônibus, a Prefeitura anunciou outra fonte de irritação:
alta no IPTU (9,5%).
Luíze afirma que a estratégia
adotada pelo MPL, embora ainda não tenha sido traçada, deve ser parecida com a
do ano passado, quando os ativistas foram às ruas da cidade por mais de um mês
contra o aumento da tarifa. Naquela época, o movimento realizou manifestações
nas ruas e nos terminais, além de aulas públicas sobre o transporte pela
cidade, mas a mobilização foi perdendo fôlego. Diferentemente das históricas
marchas de 2013, o reajuste não foi revogado. Em 2014, ainda na esteira do ano
anterior, a tarifa ficou congelada.
"A conjuntura para a luta é
favorável", aposta Luíze. "Tivemos um aprendizado com os
secundaristas neste ano e vamos tentar trazê-los para a nossa luta
também." A ativista se refere a uma vitória inédita dos estudantes
secundaristas em São Paulo neste ano. Mobilizados desde outubro, os alunos da
rede pública conseguiram suspender a chamada reorganização escolar, que previa
o fechamento de ao menos 92 escolas pelo Estado. Muitos integrantes do MPL
também são secundaristas, o que ajuda na articulação da soma de forças, que já
está sendo feita, segundo a reportagem apurou. O coletivo Mal Educado, formado
pelos secundaristas durante as mobilizações, publicou em sua página no Facebook
um texto de repúdio ao reajuste. E pode ter dado uma pista do que está por vir:
"2016 é ano de luta!", encerrava o post.
Além de São Paulo, as cidades das
regiões metropolitanas de Campinas, Sorocaba, Santos e Vale do Paraíba também
terão suas tarifas reajustas a partir do início de janeiro.
Licitação que definirá próximos 20 anos no setor estacionada
Enquanto o anúncio do reajuste é
feito com menos de 15 dias antes de entrar em vigor, a licitação do transporte
público na cidade segue estacionada. Atrasada mais de dois anos, ela foi
lançada em outubro e ficou aberta para consulta pública. Depois, passou para o
Tribunal de Contas do Município, que listou 50 "infringências,
impropriedade e irregularidades." Um novo prazo então foi estabelecido
para o recebimento de propostas das empresas interessadas. A licitação prevê a
renovação e melhora das frotas, ônibus com wi-fi e ar condicionado, o aumento
da quantidade de viagens e mais assentos disponíveis nos ônibus e deve definir
o futuro do transporte na cidade nos próximos 20 anos. Por enquanto, tudo isso
ainda está no papel.
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