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Ativista
voluntário é sujo de lama por outro que se disse
ligado ao Greenpeace (Foto: Cristina
Boeckel/G1)
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Cerca de 600 pessoas, de acordo
com a organização da manifestação, fizeram um protesto no Centro do Rio, no fim
da tarde da segunda-feira (16), para cobrar punição ao desastre ambiental na
região de Ouro Preto e Mariana, em Minas Gerais. A partir das 17h, os
manifestantes caminharam pela a Avenida Graça Aranha até a porta prédio da
empresa Vale, que junto com a anglo-australiana BHP Billiton é dona da Samarco,
responsável pela barragem rompida.
O rompimento das barragens de
Fundão e Santarém, dia 5 de novembro na unidade industrial de Germano, entre os
distritos de Mariana e Ouro Preto (cerca de 100 km de Belo Horizonte), provocou
uma onda de lama que devastou distritos próximos. O mais atingido foi Bento
Rodrigues.
Até segunda (16), sete mortos
haviam sido identificados e 18 pessoas estavam desaparecidas (veja perguntas e
respostas sobre o que foi considerado o maior desastre ambiental da história de
MG).
Policiais militares acompanham a
manifestação, ocorre de forma pacífica.
Cartazes fizeram trocadilhos como
o nome da empresa. "Vale nada" e "Quanto Vale a vida?" eram
alguns dos dizeres. Procurada pelo G1, a Vale disse que "respeita e
valoriza o direito constitucional de livre manifestação" e que "está
concentrada em oferecer total apoio e assistência às equipes envolvidas no
resgate e atendimento às famílias afetadas" (leia a íntegra no fim da
reportagem).
Uma banda conduzia a manifestação.
Em coro, os manifestantes gritavam: "Não foi acidente", como dizia a
convocação para o protesto, em um evento criado no Facebook, com mais de 30 mil
confirmados.
Galões de lama
Integrantes do Greenpeace levaram
galões de lama, sujando a parede da mineradora, ativistas voluntários e até
jornalistas que cobriam o protesto.
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Manifestantes
sujaram com lama a logomarca da Vale
(Foto:
Sergio Moraes/Reuters)
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"Estamos devolvendo um pouco
da sujeira. São 80 litros de lama. Não tem como dimensionar isso diante do
estrago e da multa de cerca de 300 milhões", afirmou um mebro do ONG que
preferiu não se identificar.
Como uma "onda de lama",
um grupo de cerca de dez pessoas andava unido por um tecido marrom, em uma
performance que representou a morte do Rio Doce. De acordo com a atriz Cláudia
Wer, a arte tem o papel de dar visibilidade em torno das vidas humanas, de
animais e do meio ambiente.
"A representação da agonia
mostra que estamos na lama e temos que puxar por um fio, que é a Vale. O povo
brasileiro se mobiliza para ajudar, mas a Vale tem que fazer mais. Além da multa, tem que existir uma ação
efetiva da empresa para minimizar o impacto", afirmou a atriz.
O sociólogo Marcelo Castanheira,
um dos organizadores, afirma que a manifestação tem como objetivo chamar a
atenção para que o assunto seja mais discutido pela sociedade.
"O ato visa pressionar a Vale
para discutir uma série de questões que vão desde a atuação do setor de
mineração até o modelo de desenvolvimento proposto para o país", afirmou
Castanheira.
A artista visual Aline
"Baiana" conta que espera uma mobilização maior da sociedade. "A
repercussão que esperamos é que as pessoas se unam para pressionar".
O taxista Marcio Canado foi ao
protesto acompanhado da mulher, Denise Alcântara, e da filha de 7 anos. Ele
lembrou que a manifestação também é uma forma de educar.
"Como não podemos estar lá,
estamos aqui para prestar solidariedade. Mostrar que esse crime ambiental dói
também na gente", disse Márcio.
Denise acha que é uma maneira de
ensinar a criança. "É importante ensiná-la a lutar pelos direitos e contra
a injustiça. Como cidadãos temos que participar. Estamos mostrando que se todos
se mobilizassem, o ato seria maior", concluiu.
Sob gritos de "Não foi
Acidente", os manifestantes fizeram uma performance diante do prédio
representando a morte do Rio Doce. Uma banda tocou a marcha fúnebre. O logo da
empresa também foi sujo com argila, representando os dejetos de mineração
jogados no Rio.
O Ministério Público de Minas
Gerais (MPMG) informou nesta segunda que foi firmado um termo de compromisso
preliminar com o Ministério Público Federal (MPF) e a mineradora Samarco, cujos
donos são a Vale e a anglo-australiana BHP, para o pagamento de uma caução
socioambiental de R$ 1 bilhão.
Leia a íntegra da nota da Vale:
"A Vale respeita e valoriza o direito constitucional de livre
manifestação. A empresa reforça que, desde o último dia 5, quando houve o
acidente nas barragens da Samarco, em
Mariana (MG), está concentrada em oferecer total apoio e assistência às equipes
envolvidas no resgate e atendimento às famílias afetadas, nos estados de Minas
Gerais e Espírito Santo.
A Vale, mais uma vez, vem expressar que não medirá esforços para apoiar
as ações emergenciais nestas localidades, bem como ajudar na recuperação
ambiental do Rio Doce. Mais informações
sobre as iniciativas de apoio à Samarco podem ser obtidas no site
www.valeesclarece.com.br."
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