Junko Ishido é mãe de um dos
japoneses sob poder do Estado Islâmico.
Prazo para pagamento de resgate terminou na madrugada desta sexta.
A mãe do jornalista japonês
sequestrado pelo Estado Islâmico (EI) fez nesta sexta-feira (23) um
pronunciamento à imprensa pedindo a libertação de seu filho. O apelo ocorreu no
fim do prazo de 72 horas que o EI impôs para a execução do jornalista Kenji
Goto e do empresário Haruna Yukawa.
"Por favor, salvem a vida de
Kenji", pediu Junko Ishido ao governo do Japão em depoimento feito no
clube de correspondentes estrangeiros de Tóquio.
O grupo jihadista exigiu do
governo japonês o pagamento de US$ 200 milhões em troca da vida de Goto e de
Yukawa.
O Japão não recebeu nenhuma
mensagem após a expiração do ultimato. "Não houve nenhuma mensagem"
do EI, disse à imprensa o secretário do gabinete, Yoshihide Suga. "A
situação é muito tensa", acrescentou.
"Membros de EI, por favor,
libertem-no, ele [Kenji] não é seu inimigo", disse a mulher. "Meu
filho sempre foi gentil desde pequeno e dizia que queria salvar a vida das
crianças na guerra. Trabalhava de um ponto de vista neutro sobre os
conflitos", acrescentou.
Durante o discurso, Junko se
dirigiu ao grupo jihadista para ressaltar que o artigo 9 da Constituição
japonesa proíbe a intervenção do país em conflitos bélicos. "Kenji é uma
pessoa com um forte sentido da justiça. Se o libertarem, ele vai se dedicar a
trabalhar para o futuro da Terra e das crianças", alegou, acrescentando
que trocaria a sua vida pela de seu filho.
Entenda o caso
Em um vídeo divulgado na última
terça-feira (20) na internet, o EI ameaça executar os reféns japoneses Haruna
Yukawa e Kenji Goto, se não receber o pagamento de US$ 200 milhões no prazo de
72 horas.
O governo do primeiro-ministro do
Japão, Shinzo Abe, garante que não recebeu nenhum contato direto por parte do
EI em relação a prazos concretos, mas considera que o ultimato se encerrou às
14h50 locais (03h50 de Brasília), justo três dias depois que o Executivo teve
notícia do vídeo.
Viúvo e com 42 anos de idade,
Yukawa foi sequestrado em meados de agosto, quando supostamente colaborava com
assistência logística para um grupo rebelde envolvido na guerra civil da Síria
e rival do EI.
Goto, de 47 anos, foi para o
território sírio controlado pelo EI no início de outubro do ano passado com a
intenção de cobrir o conflito no terreno.
O jornalista retornaria ao Japão
no dia 29 de outubro, mas foi sequestrado dias antes, quando perdeu o contato
com seus familiares e amigos, segundo a imprensa japonesa.
O porta-voz do governo do Japão,
Yoshihide Suga, disse hoje em entrevista coletiva que o governo está "em
uma situação extremamente difícil, mas seguimos fazendo o esforço máximo a fim
de libertar os reféns japoneses".
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