Justiça da Argentina torna pública denúncia de promotor achado morto | Rio das Ostras Jornal

Justiça da Argentina torna pública denúncia de promotor achado morto

Documento com 290 páginas foi liberado na noite desta terça-feira (20).
Alberto Nisman acusa presidente e cúmplices de encobrir atentado no país.
A denúncia feita pelo promotor argentino Alberto Nisman, encontrado morto em seu apartamento no último domingo (18), foi disponibilizada pelo Centro de Informação Judicial da Argentina na noite desta terça-feira (20). No processo, que tem 290 páginas, o promotor acusa a presidente Cristina Kirchner e outros membros do governo de encobrir a participação do Irã em um atentado a uma organização israelita que deixou 85 mortos em 1994.
Clique aqui para ver a íntegra do documento .pdf em espanhol.
Na denúncia, Nisman garantiu que Cristina "não somente foi quem decidiu a articulação deste plano criminoso de impunidade e se valeu de diferentes atores para levar adiante sua execução". Nisman também acusou a presidente de liderar "a campanha discursiva e midiática necessária para camuflar a execução do delito".
De acordo com Nisman, o chanceler Héctor Timerman foi "o principal instrumentador do plano de impunidade idealizado" e "transmitiu ao Irã a decisão do governo argentino de abandonar a reivindicação de justiça pelo caso Amia", segundo o documento.
A denúncia também atinge o deputado governista Andrés Larroque, os militantes Luis D'Elía e Fernando Esteche, o ex-promotor encarregado do caso Amia, Héctor Yrimia, e um suposto espião, Ramón Allan Héctor Bogado, entre outros.
Além disso, o promotor tinha pedido que fosse "determinado o papel exato" de outras pessoas, "que não estão alheias ao plano", como o ministro do Planejamento Federal, Julio De Vido.
No processo, Nisman sustentou que o memorando de entendimento com o Irã aparece como "a peça central do plano de impunidade" supostamente idealizado pelas autoridades argentinas. Assinado em 2013, o memorando previa a revisão de toda a documentação da investigação judicial, a possibilidade de que os suspeitos pelo ataque terrorista fossem interrogados em território iraniano e a formação de uma 'Comissão da Verdade'.
"A assinatura e ratificação de tal documento implica na destruição das acusações contra os suspeitos de nacionalidade iraniana", assegurou o falecido promotor.
"Sabiam que a Comissão da Verdade não tinha sido criada para investigar absolutamente nada, mas para legitimar a mentira que estava sendo fabricada", acrescentou.
Para Nisman, os funcionários "agiram com um único propósito", o de "conseguir a impunidade" dos acusados iranianos para poder "estabelecer plenas relações comerciais" com o Irã. "A presidente entendeu que o petróleo iraniano teria a capacidade de aliviar a severa crise energética que o país vem atravessando", destacou Nisman.
Nesse contexto, o principal interesse de Teerã para assinar o acordo seria "o fim das notificações vermelhas da Interpol" que pesam sobre os iranianos acusados. "Timerman não cumpriu, não porque não quisesse, mas porque a Interpol o impediu", afirmou Nisman na denúncia.
"Enquanto transcorriam as negociações diplomáticas públicas", o suposto plano avançava em canais paralelos com Teerã, momento em que, para Nisman, foi estabelecido o "aspecto fundamental": "o desvio da investigação para uma nova e falsa hipótese" que incrimine terceiros e desvincule os iranianos.
Dessas tarefas, segundo a denúncia, "participaram ativamente" Khalil, Esteche, Yrimia e 'Allan', enquanto Larroque é apontado como um dos interlocutores perante a presidente argentina.
O procurador argentino Alberto Nisman, que denunciou a presidente Cristina Kirchner de acobertar o envolvimento de terroristas iranianos em atentado a centro judaico em 1994.
Morte de Nisman
Nisman foi encontrado morto horas antes de seu comparecimento previsto ao Congresso para informar sobre a denúncia contra a presidente Cristina Kirchner por suposto encobrimento de supostos terroristas iranianos que mataram 85 pessoas em um atentado à associação judaica Amia em 1994.
Os dados provisórios da autópsia do corpo de Nisman apontam que em sua morte 'não houve intervenção de terceiras pessoas". Além disso, as perícias policiais confirmaram que o disparo que lhe causou a morte procedeu da arma achada embaixo de seu corpo. O teste para determinar se havia traços de pólvora nas mãos do promotor argentino "deu negativo", informou nesta terça-feira (20) Viviana Fein, a promotora que investiga sua morte.
A morte do promotor gerou uma forte comoção na sociedade argentina, e nesta segunda-feira milhares de pessoas se solidarizaram com a causa através das redes sociais, sob o lema #YoSoyNisman, e nas ruas das principais cidades do país para reivindicar "verdade e justiça".
 Presidente
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, denunciou na segunda-feira (19) a existência de uma história "muito sórdida e cheia de dúvidas" após a morte de Alberto Nisman e defendeu as tentativas de seu governo para esclarecer o atentado contra a associação mutual isrealita Amia, em 1994, em sua primeira reação após a morte do promotor.
"No caso do suicídio do promotor responsável pelo caso Amia, Alberto Nisman, não só há espanto e dúvidas, mas uma história longa demais, pesada demais, dura demais e, sobretudo, muito sórdida. A tragédia do maior atentado terrorista que aconteceu na Argentina", afirmou a presidente em uma publicação extensa em sua página no Facebook.
Segundo ela, existem tentativas de "ludibriar, esconder e confundir" o caso do atentado contra a Amia. "De maneira curiosa e sugestiva", disse Cristina, se tenta transformar o governo "que mais fez para tentar esclarecer o atentado" em "acobertadores por tentar fazer com os acusados iranianos sejam interrogados mediante um tratado internacional aprovado por lei no Congresso", prosseguiu, em alusão ao acordo alcançado com o Irã em janeiro de 2013.
A presidente também coloca uma longa série de dúvidas sobre as circunstâncias em torno da morte de Nisman, entre elas questionou por que o promotor solicitaria uma arma - que utilizou para atirar em si mesmo - a um de seus colaboradores, alegando defesa pessoal, quando dispunha de dez policiais para sua segurança e vivia em um edifício com vigilância privada.

"Acho que nós argentinos não merecemos ser tão subestimados em nossa inteligência e muito menos quando 85 vítimas e seus familiares ainda esperam por justiça após 21 anos", concluiu.
Fonte: G1
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