Ratas
tiveram dieta com 29% das calorias provenientes de gordura.
Um
estudo feito na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sugere que o
excesso de gordura na alimentação da mãe antes e durante a gravidez e no
período de amamentação pode levar a falhas no controle do apetite dos filhos
durante a infância e a vida adulta. O trabalho, feito com ratos, foi
apresentado na semana passada, na XXIX Reunião Anual da Federação de Sociedades
de Biologia Experimental (FeSBE), em Caxambu, Minas Gerais.
O
objetivo do estudo, de acordo com a pesquisadora Juliana Gastão Franco, foi
analisar o efeito da dieta com excesso de gordura feita pela mãe na atividade
da leptina, hormônio responsável pelo controle do apetite, nos filhotes. O
resultado foi que os filhotes apresentaram falha na leptina não só durante a
fase da lactação, mas durante a fase adulta, o que fez com que permanecessem
obesos ao longo de toda a vida.
O
experimento foi feito da seguinte forma: os pesquisadores colocaram um grupo de
ratas para comer a dieta com excesso de gordura durante oito semanas. Outro
grupo fez uma dieta padrão durante o mesmo período, para efeito de comparação.
As duas dietas tinham a mesma quantidade de calorias. O que mudou foi a
porcentagem de lipídios: na dieta gordurosa, 29% das calorias eram provenientes
de gordura.
Leite gorduroso
Leite gorduroso
Depois de oito semanas, as ratas acasalaram e continuaram seguindo a mesma
dieta ao longo da gestação e da amamentação. Foi constatado que o leite dessas
ratas continha mais calorias e mais gordura, o que provocou uma obesidade
precoce nos filhotes. Essa obesidade precoce levou a uma falha na ação da
leptina nos filhotes. Apesar de produzirem muita leptina, eles desenvolveram
uma resistência ao hormônio, o que levou os animais a comerem cada vez mais.
O
efeito não se limitou à fase de amamentação. “Quando adultos, eles permanecem
obesos e com falha da ação da leptina, um hormônio muito importante no controle
do apetite e do metabolismo. Os filhotes foram acompanhados até 180 dias de
idade. Comparando com os humanos, é como se fosse um adulto de idade média”,
diz Juliana.
Ela
acrescenta que esses resultados, obtidos em ratos, estão perto de representar o
que ocorreria em seres humanos. Estudos anteriores em humanos inclusive já
demonstraram que filhos de mães obesas têm mais risco de se tornarem obesos,
desenvolverem doenças cardiovasculares, diabetes, alterações comportamentais,
entre outros problemas. Porém isso também pode estar relacionado aos hábitos
culturais e alimentares das famílias.
Para
Juliana, que é nutricionista, a obesidade nas mães é um problema de saúde
pública importante. “Sempre me interessei pela obesidade infantil. Me chamou
atenção o aumento da obesidade em mulheres na idade reprodutiva e o percentual
de crianças obesas.” Ela observa que esses resultados demonstram a importância
de uma orientação nutricional adequada a gestantes e a mulheres em idade
reprodutiva que considerem ter filhos.
Fonte: G1
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