Em seu discurso de despedida nesta sexta-feira (4), no
Palácio Guanabara, Zona Sul do Rio, o agora ex-governador Sérgio Cabral afirmou
que deixa o governo após promover profundas mudanças na vida da população do
estado. Cabral, que deixou o governo para dar lugar ao vice, Luiz Fernando
Pezão, afirmou que quando chegou ao governo havia um "acordo tácito"
com a criminalidade e que isso foi sanado.
Durante o discurso, ele reiterou que a segurança pública foi
o maior desafio em sua gestão. "Quando nós chegamos ao governo, aqui no
palácio, o quadro era o mais tenebroso possível. O estado vivia momentos
angustiantes", disse.
Cabral lembrou os períodos colonial e imperial do País, que
tiveram sede no Rio, para falar de transformações que, segundo ele, foram
promovidas em seu governo. "Havia neste estado um ceticismo completo sobre
o teu futuro", disse, sugerindo que a população fluminense se tornou mais
otimista desde 2006.
Além dos avanços na segurança pública, Cabral citou
melhorias no funcionamento público, na saúde e na educação. Disse que
"poderia passar horas falando aqui do que temos hoje de excelência em
saúde" e afirmou que o estado do Rio de Janeiro paga a hora/aula mais cara
da rede pública de ensino.
Cabral ainda enalteceu a figura de seu vice, agora atual
governador. Ele se disse honrado por ter escolhido Pezão como companheiro de
jornada, qualificando-o como "humilde, sereno e tranquilo" e
elogiando a sua atuação. "Hoje o cidadão do Rio de Janeiro tem na paisagem
feitos do nosso Pezão, todos coordenados por você [Pezão], coordenador de
infra-estrutura do nosso estado. Pezão é tudo de bom", declarou.
"Eu sei o quanto que eu tenho que trabalhar, o quanto
eu tenho que caminhar, para honrar o mandato desse meu amigo", disse
Pezão. Ele agradeceu muito o apoio de Cabral, elogiou a postura e
comprometimento político do amigo e garantiu que segurança pública continuará
sendo prioridade para o governo estadual nos próximos seis meses.
Queda de popularidade
Após dois mandatos como governador do Rio de Janeiro, Sérgio
Cabral renunciou nesta quinta-feira (3) e deve tentar uma vaga no Senado
Federal. Eleito em 2006, foi reeleito em 2010, no primeiro turno. Teve bons
resultados, principalmente na área de segurança, com a criação das Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs). Desde 2013, no entanto, após as manifestações
iniciadas em junho, o agora ex-governador viu sua popularidade cair.
Nesta quarta-feira (2), às vésperas da renúncia, o próprio
Cabral resumiu seu trabalho e disse que entrega um estado diferente de quando
começou a governar. “Nós temos a melhor Polícia Militar e a melhor Polícia
Civil e isso não é ufanismo, nem demagogia. Valeu a pena investir no sistema de
segurança pública. A gente fez isso como prioridade, sabendo a importância para
o estado. Nós não ganharíamos as Olimpíadas, não chegaríamos aonde
chegamos."
Em outubro de 2006, Cabral teve 5,1 milhões de votos, 68% do
total, e venceu a disputa contra a candidata Denise Frossard (PPS) no segundo
turno. Em 2010, recebeu 5,2 milhões votos (66,08%), desbancando o candidato
Fernando Gabeira (PV) já no primeiro turno. Menos de três anos após a
reeleição, no entanto, uma pesquisa do Datafolha apontou que, no auge de sua
popularidade, em novembro de 2010, Cabral tinha 55% de aprovação. Em novembro
de 2013, a aprovação passou para 20%, 35 pontos percentuais a menos.
As manifestações que tomaram as ruas do Rio a partir da Copa
das Confederações, em junho de 2013, expuseram a baixa de popularidade do
governador e fizeram de Cabral um dos principais alvos das críticas. A
residência do governador no Leblon, bairro nobre da Zona Sul, virou um
acampamento de ativistas, o "Ocupa Cabral".
A pauta de reivindicações dos protestos era extensa e a
maior parte ligada à Cabral. Dentre as polêmicas estava o uso de helicópteros
oficiais para fins particulares, investigado e arquivado pelo Ministério
Público. De acordo com uma reportagem da Veja, de julho de 2013, o governador e
a família usavam a aeronave para ir, em fins de semana, a Mangaratiba, na
Região Metropolitana do Rio, onde têm casa de praia. As viagens custariam, por
ano, R$ 3,8 milhões aos cofres públicos. Na época, o governador negou.
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