Mudanças
climáticas alteram o comportamento dos peixes.
Oceanos absorvem 30% do dióxido de carbono da atmosfera.
A
acidificação do oceano, uma das consequências das mudanças climáticas, reduz o
instinto de sobrevivência dos peixes e os expõe aos seus predadores, segundo um
estudo publicado nesta segunda-feira (14) na revista Nature Climate Change.
A
investigação analisou o comportamento dos peixes nos recifes de corais situados
em frente à costa de Papua Nova Guiné, uma zona onde o oceano Pacífico é
naturalmente ácido, e descobriu que seu comportamento é mais arriscado.
"Normalmente,
os peixes evitam o cheiro de um predador, é totalmente lógico. Mas neste caso
se sentem atraídos por seu cheiro, o que é incrível", explicou à France
Presse um dos autores da pesquisa, o professor Philip Munday da universidade
australiana James Cook.
"Também
se afastam mais de seu refúgio e são mais ativos, nadam mais (...) É uma
conduta mais arriscada para sua sobrevivência porque são mais facilmente
detectáveis por um predador", acrescentou o cientista à AFP.
O nível de
acidificação na zona do estudo, 'um laboratório natural' perfeito, segundo
Munday, é comparável ao que os oceanos de todo o planeta terão ao fim deste
século se não forem tomadas medidas para lutar contra as mudanças climáticas.
Cerca de
30% do dióxido de carbono emitido à atmosfera pela atividade humana termina
sendo absorvido pelos oceanos, o que faz com que eles se tornem mais ácidos.
Segundo
Munday, os peixes da região estudada não conseguiram se adaptar à acidez,
apesar de terem vivido toda a sua vida expostos a níveis elevados de dióxido de
carbono.
"Não
pareceu que tenham se adaptado ao longo de toda a sua vida", disse Munday.
"Isto
demonstra que um peixe não sabe se adaptar quando está exposto permanentemente
a altos níveis de dióxido de carbono. Também não sabemos se a adaptação será
possível nas próximas décadas", caso a acidificação do oceano continue
aumentando, afirma.
Na zona
estudada não há crescimento de corais, mas um pouco mais longe há um recife único
com níveis de dióxido de carbono similares ao que se prevê para as próximas
décadas.
A
co-autora do estudo, Jodie Rummer, declarou que, enquanto o aumento de dióxido
de carbono na água afetava a conduta, não parecia afetar sua aptidão física.
"As
taxas metabólicas dos peixes da região estudada eram as mesmas dos peixes dos
recifes 'saudáveis' próximos", declarou em um comunicado.
"Portanto,
parece que a futura acidificação do oceano pode afetar a conduta dos peixes de
recife mais que outros aspectos de seu desempenho", acrescentou.
O estudo
foi realizado conjuntamente pelo Coral Centre of Excellence da Universidade
James Cook, pelo Australian Institute of Marine Science, pelo Georgia Institute
of Technology e pela National Geographic Society.
Fonte: G1
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!