Bruno
Barcellos de Souza Coutinho passa bem após duas cirurgias.
Acidente aconteceu na noite do último domingo (14).
Milagre
e, sem dúvida, uma boa ajuda de uma equipe médica. Assim pode ser brevemente
resumido o caso de Bruno Barcellos de Souza Coutinho, de 34 anos, que atirou um
arpão contra a própria face em Petrópolis, atingindo o
olho esquerdo e perfurando o crânio. Nesta quinta-feira (18), o corpo médico do
Hospital Santa Teresa (onde a vítima continua internada no CTI, sem previsão de
alta), falou com a imprensa sobre os dois procedimentos cirúrgicos feitos no
paciente, que chegou ao hospital nesta segunda-feira (15).
Bruno
se feriu acidentalmente na noite do último domingo (14) quando limpava um arpão
de pesca, segundo relatou ao hospital quando deu entrada na unidade, estando
lúcido, nesta segunda-feira (15). A vítima, que ficou com o arpão alojado na
cabeça por mais de 10 horas, foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros após ter
sido acionado por uma tia de Bruno. No mesmo dia, ele passou por uma cirurgia
de emergência para a retirada do artefato. Nesta terça-feira (16), o paciente
passou pela segunda cirurgia, dessa vez com a equipe de oftalmologia. No
procedimento, os médicos conseguiram preservar o globo ocular, no entanto, a
visão do olho esquerdo atingido foi perdida.
De
acordo com a equipe médica que atendeu o paciente, o artefato não atingiu
nenhum vaso cerebral. De sequela, por enquanto, somente a perda da visão
esquerda. “A situação é toda incomum: por ser um artefato de pesca submarina
numa cidade que não tem praia; o acidente no dia anterior à vinda para o
hospital e o fato do objeto passar por zonas menos nobres, mas não neutras”,
pontuou o chefe da neurocirurgia do hospital, Dr. Orlando Maia.
Procedimentos
cirúrgicos
Cerca de quatro horas. Esse foi o tempo em que as equipes de buco-maxilo-facial e neurocirugia levaram para conseguir fazer a remoção do artefato (de cerca de 30 cm), que entrou no globo ocular esquerdo, cruzou o crânio e se alojou na parte superior do cérebro, com cerca de 15 cm de perfuração. Um procedimento mais complexo do que o imaginado, pois não bastaria apenas retirar o objeto. Por se tratar de um arpão – que na ponta tem uma espécie de “garra” - o cuidado era evitar ainda mais danos ao paciente. Antes de qualquer ação, foi feita uma arteriografia, um exame para checar se o objeto tinha afetado algum vaso cerebral. “Passou ao lado, a milímetros de artérias importantes e vitais, mas não atingiu nenhuma”, ressaltou o chefe da traumatologia buco-maxilo-facial, Dr. Edelto Antunes, que lembrou ainda, a importância da troca de conhecimento da equipe multidisciplinar.
Os médicos optaram por fazer o caminho inverso do que normalmente seria feito. A cirurgia foi feita pelo lobo frontal e lobo lateral esquerdo. O resultado foi positivo e Bruno não apresentou nenhuma deficiência neurológica. “O objeto estava na parte posterior do crânio, na estrutura óssea. Todo o osso da parte frontal foi retirado para a remoção do objeto”, explicou Dr. Diogo.
A
equipe de oftalmologia foi acionada para o segundo procedimento (que durou
cerca de uma hora e meia) feito nesta terça-feira, no qual seria avaliado o
estado do globo ocular do paciente. E era exatamente esta a prioridade dos
médicos, pois avaliaram que a visão do olho esquerdo já estava perdida por
conta da gravidade do ferimento. “O nosso grande temor era com a anatomia da
região, preservar o globo ocular”, comentou o oftalmologista João Roberto
Tardin.
De acordo com ele, o paciente chegou com extravasamento de conteúdo
ocular e o risco de infecção, com a retirada do globo ocular, é muito grande.
“Seria impossível recuperarmos o globo ocular e a visão. Já imaginávamos que
teríamos que tirar o globo. É um procedimento muito difícil e complexo.
Não podíamos deixar de esquecer a questão estética. Mantermos o globo ocular do
paciente foi uma grande vitória”, ressaltou o médico.
Conheça o
caso
Bruno
Barcellos de Souza Coutinho, de 34 anos, atirou um arpão contra o próprio rosto
no último domingo (14) em Petrópolis, Região Serrana do Rio. O objeto perfurou
o olho e atingiu o cérebro. O acidente, que segundo a vítima, aconteceu quando
ele limpava o arpão de pesca, foi na residência da vítima, em um apartamento do
conjunto habitacional na rua Getúlio Vargas, no bairro Quitandinha. A vítima
foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros, que foi acionada por uma tia de Bruno
nesta segunda (15), dando entrada no Hospital Santa Teresa, por volta das 16h.
De
acordo com o Corpo de Bombeiros, a tia de Bruno tentava falar com o sobrinho
desde sábado (13), sem êxito. Os bombeiros foram até o local e socorreram a
vítima, que foi encaminhado para o hospital, onde passou por dois
procedimentos. O primeiro com a equipe de neurocirurgiões e bucomaxilo-facial
onde foi retirado o arpão, na noite desta segunda-feira e o segundo, realizado
nesta terça-feira com a equipe da oftalmologia.
Fonte: G1 Região Serrana
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