Investimento em educação nos últimos 20 anos pesou para o aumento do IDH, embora este, na realidade permaneça baixo. (Foto: Claudio Gatti) |
Entre 1990 e 2012, o IDH saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%.
O Brasil apresentou leve avanço em seu Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) deste ano, principalmente em expectativa de vida e
renda per capita, consolidando o que a ONU classifica como um dos "mais altos
desempenhos" em questões sociais no mundo e superando inclusive países
vizinhos.
Ainda assim, o país ainda convive com alta desigualdade e com um "passivo
histórico" - os baixíssimos indicadores sociais do Brasil sobretudo antes de
1990 -. que mantêm sua nota de IDH em nível inferior à média da América
Latina.
O relatório de desenvolvimento humano, divulgado nesta quinta-feira pelo Pnud
(programa de desenvolvimento da ONU), dá nota de 0,730 ao Brasil, levemente
superior aos 0,728 do relatório anterior (quanto mais próximo de 1, mais alto é
o IDH). A média latino-americana/caribenha é de 0,741.
Mas na avaliação de longo prazo, a partir de 1990, o país é um dos que
tiveram um dos maiores avanços em seus indicadores sociais. Os motivos
principais, na avaliação da ONU, foram reformas econômicas e investimentos em
educação, saúde e distribuição de renda.
"Entre 1990 e 2012, o IDH saiu de 0,590 para 0,730, um aumento de 24%. Essa
taxa de crescimento do IDH brasileiro no período é maior que a de Chile (40ª
posição no ranking de IDH, com 187 países), Argentina (45ª) e México (61ª), por
exemplo", informa o Pnud.
Com isso, o país fica entre os 15 países que mais conseguiram reduzir o
déficit no IDH (ou seja, a diferença restante para chegar à nota 1) entre 1990 e
2012.
"O Brasil cresce atualmente mais rápido no IDH e não só em renda, mas em
educação e saúde. O desafio é grande, mas o modelo do país é um exemplo a ser
seguido", diz à BBC Brasil Daniela Gomes Pinto, analista de desenvolvimento do
Pnud.
Para efeitos comparativos, em 2004, segundo o Pnud, o Brasil tinha 71,5 anos
de expectativa de vida ao nascer e US$ 8.325 de renda per capita anual. Isso
aumentou, em 2012, respectivamente, para 73,8 anos e US$ 10.152.
Patamar baixo
Apesar disso, o Brasil ainda tem IDH inferior ao de vizinhos
latino-americanos como Argentina, Uruguai, Chile, Venezuela, Costa Rica e
México.
"Em 1990, a média de estudo dos adultos brasileiros era de quatro anos, a
metade da Argentina na época", exemplifica a analista. "E o Chile de 1990 já
tinha a expectativa de vida que o Brasil tem hoje. Partimos de um patamar muito
baixo."
Os avanços em indicadores sociais do Brasil são elogiados pelo relatório da
ONU, mas os dados mostram que o país ainda apresenta forte desigualdade de
renda. Na medição que leva em conta a desigualdade social, o país perde 27% de
sua nota de IDH.
Estimativas recentes da própria presidente Dilma Rousseff dão conta de que
cerca de 700 mil famílias ainda estejam à margem de políticas estatais; e
críticos dizem que o patamar de renda per capita de R$ 70, estabelecido pelo
governo para determinar quem vive em pobreza extrema, é muito baixo.
Segundo o relatório da ONU, os avanços sociais dependem de "políticas
estruturais de longo prazo". "O país está no caminho certo, mas que o percurso ainda é longo para que isso
chegue a surtir efeito no valor do IDH", diz o texto.
O IDH, que mede expectativa de vida, saúde, educação, renda e acesso a
recursos para uma vida digna, é um dos principais indicadores mundiais de
desenvolvimento humano.
"Ele mede poucas variáveis e tem dificuldade em (igualar) diferenças
metodológicas (entre os países), mas dá um retrato do desenvolvimento no longo
prazo", opina Daniela. "Isso permite fugir da visão de olhar um país apenas por
seu Produto Interno Bruto."
Fonte: BBC Brasil
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