Grupo francês comprou em 2005 direito a ter o controle a partir de 2012.
Casino diz que irá analisar documentos que está recebendo sobre a fusão.
O grupo varejista francês Casino informou nesta quarta-feira (6) que, como maior acionista do Pão de Açúcar, "vai analisar os documentos que está recebendo" sobre a proposta de fusão com o Carrefour para tomar uma decisão na próxima assembleia de acionistas da Wilkes, controladora do Pão de Açúcar, marcada para 2 de agosto.
O Casino destaca que comprou em 2005 o direito a ter o controle do Pão de Açúcar a partir de 2012 e que "não abrirá mão deste direito". O presidente do grupo varejista francês, Jean-Charles Naouri, se reuniu na segunda-feira (4) com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, na sede do banco estatal, no Rio de Janeiro, para discutir a proposta e a participação do banco.
Segundo o Casino, o banco estatal reafirmou no encontro o posicionamento de que o apoio à fusão se baseia "na premissa do entendimento amigável" entre os sócios. O grupo francês lembrou que nas últimas duas semanas aumentou a sua participação no Pão de Açúcar em cerca de 10%, saltando de 33% para 43%, investindo U$ 1,2 bilhões na companhia. O Casino tem classificado de hostis as intenções do Carrefour com a operação de fusão com o grupo brasileiro. Na segunda-feira, o conselho do Carrefour aprovou o plano de união de suas operações brasileiras com o Pão de Açúcar.
O projeto prevê a fusão dos ativos brasileiros do Carrefour com os da Companhia Brasileira de Distribuição (CBD). A proposta foi apresentada na segunda-feira (27) pela empresa brasileira Gama, que pertence ao fundo BTG Pactual, do investidor André Esteves, com o apoio financeiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Casino é o principal rival do Carrefour na França e critica o fato de Abilio Diniz ter iniciado negociações sem ser comunicado, já que divide o controle do Pão de Açúcar através da holding Wilkes e detém 43% de participação no grupo brasileiro.
'Expropriação'
'Expropriação'
O diretor-presidente do Grupo Casino, Jean-Charles Naouri, disse em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo” que a estratégia do empresário - e seu sócio - Abílio Diniz para obter a fusão é uma “expropriação”. Ele afirmou ainda que o Grupo Pão de Açúcar era, em 1999, um negócio medíocre e usou palavras como “traição” e “insultante” para definir o impasse atual. Segundo o jornal, Naouri afirmou que seu sócio violou mais do que um acordo de acionistas e falou em má-fé.
Naouri disse ao presidente do BNDES, na segunda-feira (4), que a visão do projeto de Diniz parece ter sido elaborada em contradição com os acordos de acionistas. “Encaramos isso como uma forma de expropriação do Casino, cujos direitos haviam sido estabelecidos em contratos em 2005”, disse.
Sobre a possibilidade de acordo, o diretor-presidente do Casino afirmou que a posição ainda será comunicada. “É uma negociação complexa a ser feita e nos parece que está sendo assentada numa base estratégica errada”.
Naouri disse que “assumir o controle do grupo não é um objetivo, é o contrato”. Segundo ele, o objetivo é fazer o Pão de Açúcar crescer de maneira proveitosa e rentável, em favor dos acionistas, dos clientes e dos fornecedores. A reação do Casino foi contundente, inclusive recorrendo a arbitragem, ao entender que a negociação de fusão era secreta. Abílio Diniz nega ter havido descumprimento legal do acordo. “A negociação secreta foi um ato ilegal. Naturalmente, não está em conformidade com as boas práticas e a ética nos negócios”.
Naouri afirmou que foi procurado por Diniz para rever o acordo que prevê a transferência de controle para o Casino. “Há dois anos, Diniz disse que gostaria de renegociar o acordo. Eu respondi que tudo é possível de ser conversado. Há um ano, Diniz me disse que gostaria que eu não tomasse o controle em 2012. Eu lhe disse que seria muito difícil aceitar, depois de ter investido US$ 2 bilhões, esperado 13 anos e pago duas vezes o prêmio de controle. Disse que não era possível. Ele disse que teria outras alternativas. O clima ficou difícil até a reunião do dia 15 de abril, quando pedi ao senhor Diniz que dissesse com quem negociava. Ele se negou e disse que não tinha outra escolha a não ser brigar”.
Segundo Naouri, Diniz evocou a ideia de comprar sua participação. “Eu disse que essa proposta era insultante. Não somos um sócio financeiro. Somos uma empresa internacional de distribuição de alimentos, temos uma estratégia e queremos continuar com ela.”
Ao ser perguntado se ele se sentia traído, Naouri afirmou: “quando soube da questão da traição, do que ele fazia e negociava, fiquei muito desapontado”.
Por último, Naouri falou se valeu a pena ou não fazer negócio com Diniz. “Considero que fiz muito bem em investir em 1999, quando o Brasil ainda não era o que é hoje em dia e o Grupo Pão de Açúcar era um negócio medíocre, que saía de uma quase falência. Quando Diniz procurou no mundo inteiro investidores, eu fui aquele que aceitou. Fiz essa aposta e estou muito contente com o desenvolvimento do Pão de Açúcar e do Brasil”.
Em entrevista ao jornal "Folha de S.Paulo", o presidente do Casino reafirmou que Abilio Diniz queria mudar o acordo de acionistas para manter o controle do Pão de Açúcar há dois anos e disse que teria feito ameaças veladas se a resposta fosse negativa. Segundo Naouri, em entrevista, o presidente do conselho do Pão de Açúcar procurou o sócio francês, pela primeira vez, em 2009, época da compra do Ponto Frio e das Casas Bahia. Um ano depois, Diniz disse que queria manter o controle do Pão de Açúcar, alegando que a situação da empresa, após as fusões, era superior à de quando foi comprada pelo Casino, em 2005, de acordo com o jornal.
Naouri contou que viu Abilio Diniz pela última vez em 15 de abril, quando soube que estava em Paris. "Ele não nos contou que estava lá. Soubemos por terceiros. Então perguntei a ele: você está negociando alguma coisa? Com quem? Ele respondeu: 'Não tenho nada a dizer a você'."
Procurado pelo jornal, Diniz negou que tenha procurado o presidente do Casino para se manter no controle do Pão de Açúcar. Questionado pelo jornal "O Globo", em entrevista, sobre a possibilidade de se uma guerra judicial ter início, o presidente do Casino afirmou: "Não procuramos uma guerra judicial, não se pode inverter o papel de agressor e agredido. Nós somos a vítima".
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