*Coluna do Castro | Rio das Ostras Jornal

*Coluna do Castro

Reflexão
Sem idéia

A essa hora da madrugada, o sono que me pertence abandona-me em sinal de protesto, sem uma reclamação, sem uma mísera queixa formal e vai prostituir-se em outro corpo, deixando-me entregue a insônia, essa companhia de péssima reputação.

As idéias que nunca foram próximas, íntimas de meu ser, apesar de diminutas tornam-se confusas, errantes, provocando-me uma situação de desconforto total na mente que naturalmente já é desprovida de tino, de prudência, de razão.

A ingratidão da natureza em relação a minha pessoa é inexplicável, fez-me um ser extremamente feio, com inteligência curta, assim como minha visão.

Desajeitado no andar por uma conspiração sem causa, sem ideário de meus ossos. Pago as conseqüências dessa atitude irrefletida, dessa revolta torpe que resultou nesse andar claudicante e num queixo desproporcional, proeminente.

Os olhos esbugalhados parecem planetas saindo das órbitas da cavidade ocular.

Quanto às orelhas, dessas não tenho queixas, apesar dos pesares, mantenho-me justo em relação à vida e não atribuirei à natureza aquilo que ela não me desproporcionou, entretanto, no fundo, no fundo, acho que a perfeição de minhas conchas auditivas foi um descuido profissional da natureza, afinal nem tudo é perfeito.

Agora, os meus lábios são finos, pálidos, penso que raivosos também, pois a circulação sanguínea quase não se faz presente, provavelmente, uma discórdia ocorreu num tempo pretérito. Ah! Isso ocorreu. Não tem outra explicação.

Quanto à arcada dentária tenho uma certeza absoluta: a natureza não teve nenhuma complacência ao construí-la, não pelo desconhecimento da arte da construção, mas em razão, provavelmente, de um aborrecimento com a feitura dos dentes do ser que me precedeu.

Fatalmente, o mau humor gerado, causou essa sucessão de dentes com alturas variadas e espessuras de uma desproporção inimaginável.

Não falarei das minhas partes íntimas, essas preservarei da curiosidade alheia.

Quem detém plenamente as faculdades mentais sabem quando devem prosseguir ou finalizar as suas colocações o que, infelizmente, não é o meu caso.

Pensando melhor - sei..., sei que é um exagero semântico em se tratando de minha pessoa - suspenderei minha peroração por aqui, pelo esgotamento total da idéia e de idéias.

Ironicamente, acho que esta minha limitação, acabou gerando, de forma autônoma, uma última idéia, a de parar por aqui, que no fundo, cá entre nós, foi uma brilhante idéia.



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