Primos Peterson Fleurisca (esq.) e Gabriel Nenio (dir.) sonham em virar jogadores de futebol em São Paulo |
Ao deixar Tabatinga (AM), imigrantes demonstram alegria e esperança.
Famílias pediram empréstimos ou venderam bens para enviar dinheiro.
“Eu não sou tão bom, mas Peterson joga bem. Temos que tentar para saber, mas acho que pode dar certo. Eu adoro futebol e acho que Kaká é o melhor jogador do mundo”, diz Nenio, que tem 30 anos e deixou cinco filhos no Haiti.
Fábrica de Tijolos
Os irmãos Anélus Philenaud, de 33 anos, e Vilma Serrat, de 45, não escondiam a felicidade de deixar Tabatinga com um emprego em vista. Sem nada fixo em Tabatinga, eles fazia ocasionalmente serviço de carregador no porto da cidade.
Os irmãos Anélus Philenaud, de 33 anos, e Vilma Serrat, de 45, não escondiam a felicidade de deixar Tabatinga com um emprego em vista. Sem nada fixo em Tabatinga, eles fazia ocasionalmente serviço de carregador no porto da cidade.
“Vamos para vagas em uma fábrica de tijolos. É um alívio depois de três meses sem fazer nada aqui”, afirma Philenaud, que também estava desempregado no Haiti.
Através do padre Gonzalo Franco, que entrou em contato com outro padre em Manaus, os irmãos se candidataram para a vaga e foram selecionados. Sem dinheiro para a passagem, eles apelaram aos parentes no Haiti, que pediram um empréstimo para enviar o valor.
“Quase brasileiro”
Os passageiros dos barcos que partem de Tabatinga são obrigados a passar por um check in, realizado pela Polícia Federal, Polícia Militar do Amazonas e Força Nacional de Segurança. Na fila, o professor de inglês Daniel Gustave, de 32 anos, era um dos mais agitados.
Os passageiros dos barcos que partem de Tabatinga são obrigados a passar por um check in, realizado pela Polícia Federal, Polícia Militar do Amazonas e Força Nacional de Segurança. Na fila, o professor de inglês Daniel Gustave, de 32 anos, era um dos mais agitados.
“Não tenho lugar para ficar na capital, mas isso a gente resolve quando chegar lá. Eu não tenho medo, porque sou quase brasileiro agora. Só preciso melhorar o português. Se eu fico calado, ninguém sabe de onde sou”, diz.
Gustave conta que gostaria de dar aulas de inglês, mas sabe que não tem condições de escolher trabalho. “Aqui temos uma vida nova. Não sei se um dia poderei voltar a ter minha profissão, mas estou feliz apenas por estar no Brasil”, diz.
Desconto
Com tanto imigrante haitiano querendo sair da cidade nos barcos, os vendedores de passagens dizem que a palavra em português mais comum no porto é "desconto". Quando o grupo é grande, a vendedora Rosimeury Cindi, de 26 anos, aprova o negócio.
Com tanto imigrante haitiano querendo sair da cidade nos barcos, os vendedores de passagens dizem que a palavra em português mais comum no porto é "desconto". Quando o grupo é grande, a vendedora Rosimeury Cindi, de 26 anos, aprova o negócio.
“Eles choram mesmo para abaixarmos o preço. Já chegam pedindo desconto, sempre procuram uma promoção”, diz Rosimeury. “Quando não conseguem, ficam tristes. Mas nunca vi nenhum nervoso por causa disso.”
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