Na Santos das mulheres, homens dizem 'não ter do que reclamar' | Rio das Ostras Jornal

Na Santos das mulheres, homens dizem 'não ter do que reclamar'

Cidade paulista tem a maior proporção de mulheres no Brasil: 54,2%.

Moradores não se dizem impressionados com resultado do Censo 2010.

Tem muito mais mulher do que homem. No bar, na balada, no shopping, na praia, em praticamente todos os lugares da cidade"

Maria Fernanda Araújo, 22 anos

Quando os números do Censo 2010 divulgado nesta segunda-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram Santos, no litoral paulista, como o município de maior proporção de mulheres no país, pouca gente ficou surpresa na cidade.

Do total de 419.757 habitantes, Santos tem 192.056 homens e 227.701 mulheres, o equivalente a 45,8% e 54,2%, respectivamente.

De 20 pessoas ouvidas pelo G1 nesta terça-feira (30) na cidade, apenas uma afirmou ter a percepção do contrário por onde anda. “Para mim, parece a mesma coisa. Às vezes, parece até que tem mais homem. Quando eu vou ao supermercado, por exemplo, eles são a maioria”, disse Denise Claudina Ribeiro de Souza, de 34 anos.

Fora do supermercado onde Denise faz compras, o cenário é outro. Pelo menos na faculdade de Larissa, no curso de francês de Ana Carolina, nos bares frequentados por Maria Fernanda, nos shows de Jorge, na balada diária de Diego, no cinema preferido de Adenora ou no fórum onde Sandra trabalha. Até mesmo no ambiente mais masculino da cidade, o porto, o espaço tem sido pouco a pouco ocupado por elas.

“Tem muito mais mulher do que homem. No bar, na balada, no shopping, na praia, em praticamente todos os lugares da cidade”, diz a estudante de nutrição Maria Fernanda Araújo, de 22 anos, enfatizando o “muito”.

As colegas Lívia Rocha e Gabriela Carvalho, ambas de 21, concordam. “Com certeza [tem mais mulher na cidade]. Eu sou de Iperó e lá é bem mais equilibrado”, compara Lívia. Gabriela, que tem uma filha de 2 anos, acredita que o quadro pode mudar nas próximas gerações. “Seis amigas minhas tiveram filho na mesma época, todos meninos. Tomara que isso mude”.

Estudante da mesma universidade, Larissa Chrissie Amadeu, de 19, vê igual cenário da turma de jornalismo: “De cerca de 20 alunos, só três são meninos. Hoje mesmo a gente falou sobre o censo na aula. Quando uma colega comentou o resultado, todo mundo falou: ‘a gente já imaginava, né?’. Ninguém achou estranho”.

Aluna de farmácia, Ana Carolina Ferreira de Carvalho, de 24 anos, precisa pensar um pouco para ver que concorda com as colegas: “Nunca tinha notado, porque sou meio desligada, mas faz sentido. Aqui na faculdade é assim porque é um curso que normalmente tem mais mulher. Mas na minha turma de francês, por exemplo, tem umas cem pessoas, sendo umas 80 mulheres”.

'A mulher aqui é batalhadora' A diferença não é notada apenas por quem tem seus 20 e poucos anos. Enquanto fazem as unhas no salão de beleza, a advogada Sandra Stein, de 45, e a vendedora Adenora Soares da Silva, de 43, fazem a mesma análise.

Paulistana, Sandra mora há 15 anos em Santos e afirma que a diferença é perceptível no fórum da cidade. “Quando cheguei aqui, tinha bem mais homem lá. Hoje, você vê muitas mulheres. A mulher aqui é muito batalhadora. Até no supermercado em que eu faço compras e tomo café todos os dias é assim. Só tem dois rapazes trabalhando lá”, conta.

“Ela não está mais no mercado, porque é casada, mas eu estou e não tem homem. Se você sair no sábado, for ao cinema ou a qualquer restaurante, vai ver só famílias, casais. Nas festas, quando você encontra um, ele está lá ficando com todas. Aqui em Santos está difícil”, atesta Adenora.

'Dá até para escolher' Diego Alves, de 21, e Jorge Washington, de 22, não frequentam as mesmas festas de Adenora, mas fazem exatamente aquilo que ela aponta nos outros.

“Saio quase todas as noites e onde eu vou tem muita mulher. A gente aproveita, né? Não temos do que reclamar”, diz Diego, que trabalha com monitoramento de contêiner.

“Sou músico e as mulheres se jogam, dá até para escolher. Namorar, nem pensar. Estou aproveitando a boa fase”, comemora Jorge, percussionista de uma banda de pagode, aos risos.

Na tarde de terça, mesmo com chuva, a dupla fazia exercícios físicos, se preparando para um treino de artes marciais. Tudo para manter a forma e continuar fazendo sucesso com a mulherada nas baladas. “Meu objetivo agora é virar árabe e ter várias mulheres ao mesmo tempo”, sentencia Diego.

O porto também é delas Na ponta da praia, no maior principal porto do país, elas ainda não são maioria, mas ocupam postos de trabalho até pouco tempo dominado por eles. "Em todos os lugares da cidade tem muita mulher, até aqui no porto. Eu chutaria uns 40%. A maioria está na área administrativa, mas já tem muitas também na área operacional. A nossa chefe, por exemplo, é mulher", conta um trabalhadora do setor de operações do Porto de Santos.

A chefe, com experiência de cinco anos na área portuária, comemora as conquistas das mulheres "Especialmente aqui no litoral, as mulheres são mais firmes, mais trabalhadoras. Acho que a mulherada está dominando o mercado de trabalho. Não existe mais 'trabalho de homem'", diz a supervisora de "gate", responsável pela entrada e saída de caminhões em terminais do porto.

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