TV iraniana faz suposta entrevista com condenada a apedrejamento | Rio das Ostras Jornal

TV iraniana faz suposta entrevista com condenada a apedrejamento

Sakineh Mohammadi Ashtiani teria falado da morte do marido.

Rosto e voz da entrevistada estavam alterados.

Uma rede de TV estatal iraniana mostrou na noite de quarta-feira (11) o que seria uma entrevista com Sakineh Mohammadi Ashtiani, a mulher que foi condenada por adultério e assassinato e que seria morta por apedrejamento. Na entrevista, a mulher confessa o adultério, fala sobre a morte do marido e critica seu advogado, hoje foragido na Noruega, dizendo que ele trouxe vergonha para sua família.

Com o rosto coberto e a voz dublada para o farsi, não foi possível garantir a identidade da entrevistada. A mulher também contou como começou o relacionamento com um primo do marido.

"Ele me disse: 'vamos matar seu marido'. Eu não acreditei que ele seria morto. Eu achei que era uma piada. Depois eu descobri que matar era sua profissão. Ele veio [para nossa casa] e trouxe todas as coisas. Ele trouxe ferramentas elétricas, ferro e luvas. Depois ele matou meu marido com eletricidade."

O apresentador da TV disse que a mídia ocidental deu muito destaque ao caso na esperança de pressionar o Irã a soltar três americanos que estão presos há mais de um ano após terem sido presos perto da fronteira com o Iraque.

O chefe do Judiciário da província iraniana de Azerbaijão Leste disse à TV que Ashtiani injetou um anestésico em seu marido. "Depois que o marido ficou inconsciente, o verdadeiro assassino matou a vítima conectando uma corrente elétrica em seu pescoço."

O grupo pró-direitos humanos Comitê Internacional Contra o Apedrejamento chamou a entrevista de 'propaganda tóxica'. Ashtiani havia antes negado as acusações de adultério contra ela.

Ashtiani, mãe de dois filhos, já recebeu 99 chibatadas por ter tido uma relação 'ilegal' com dois homens. Sua sentença de apedrejamento foi suspensa, mas ainda pode ser realizada, informou um oficial da Justiça.

A atenção internacional para o caso deu visibilidade para o alto número de execuções e pode fazer com que a iraniana não seja apedrejada, segundo seu advogado.

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