Entenda como amigos de infância de Bruno viraram seus fiéis escudeiros | Rio das Ostras Jornal

Entenda como amigos de infância de Bruno viraram seus fiéis escudeiros

O goleiro e Macarrão se conheceram ainda na escola.

Outros companheiros desta época são suspeitos no caso Eliza.

A relação do goleiro Bruno com o futebol começou com o mineiro ainda criança, num campinho dentro da favela onde ele foi criado. Foi num lugar conhecido como Buracão que ele encontrou aquele que se tornaria seu melhor amigo: Luiz Henrique, o Macarrão. Nesse tempo, o menino dividia o tempo entre o futebol e o trabalho em casa, onde vendia picolés.

“Ele me ajudava a fazer, vendia na rua, tinha o dinheiro dele, a comissão dele. Gostava de bola. Toda vida gostava muito de jogar bola”, conta Luciene Ferreira Romão, mãe de Macarrão. Os dois jogavam no “100%”, um time de futebol amador de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais. Na camisa do uniforme, uma foice, uma máscara e os dizeres: aqui só os fortes prevalecem. Mesmo famoso Bruno nunca abandonou o time. “O Bruno nas suas folgas vem e joga com a gente. Patrocina o time também. O Macarrão era o presidente", lembra o amigo Thiago da Silva. Amigos viraram funcionários A amizade entre Macarrão e Bruno saiu da favela. O goleiro passou a frequentar o bairro Liberdade, onde Macarrão nasceu. Foi lá que conheceu Elenilson Vitor da Silva, Wemerson de Souza, o Coxinha, e Flávio Caetano.

Depois dos jogos, a casa de Macarrão era o destino dos jogadores do “100%”. No quintal eles passavam o dia fazendo churrasco. Vitor, Coxinha e Bruno sempre estavam presentes. Mas a fama e o dinheiro do ex-camisa 1 do Flamengo fez mudar a relação de amizade entre eles. De amigos, os garotos do Liberdade passaram a ser funcionários de Bruno. Elenílson Vitor foi nomeado administrador do sítio do goleiro, em Esmeraldas, Flávio Caetano era o motorista do jogador, sempre que ele estava em Minas, Coxinha ajudava a família de Bruno e cuidava de questões bancárias e Macarrão era o braço direito do goleiro do Flamengo. “Não tem como não falar que ele era o braço direito do Bruno. A pessoa que era qualificada por ele se chama Luiz Henrique”, diz Cássio Rogério Romão, o pai de Macarrão. Amizade e obediência A amizade de Bruno era tão importante que ficou marcada em uma frase tatuada nas costas de Macarrão, como mostra essa foto publicada no site do jornal O Dia: "Bruno e Maka a amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro".

Para os amigos, Bruno era mais que um ídolo. O que ele dizia virava lei. “O pessoal obedecia muito a ele. Todos são leais ao Bruno. Todos trabalhavam pro Bruno, entendeu? Aquele tipo de cumplicidade...”, contou uma pessoa, que não quis se identificar.

O papel de cada um no crime, segundo a polícia Essa cumplicidade, segundo a polícia, é mais evidente no caso Eliza Samudio: De acordo com depoimentos anexados ao inquérito, Macarrão seqüestrou Eliza e estava no carro quando a modelo foi agredida; o menor, de 17 anos, deu as coronhadas; Dayanne Souza, mulher de Bruno, foi quem tirou a criança do sítio, com a ajuda de Wemerson de Souza, o Coxinha, e de Flávio Caetano. Ainda segundo a polícia, enquanto ficou presa no sítio, Eliza era vigiada por Sérgio Rosa Sales, primo do goleiro. Já Elenílson Vitor teria visto a modelo machucada com o bebê e ficou em silêncio. Num dos depoimentos chegou a mentir para a polícia. “Ele tumultuou, mentiu nas suas declarações. Ele vai ser indiciado por homicídio, por tortura e cárcere privado também”, afirma o delegado Edson Moreira.

O desaparecimento e morte de Eliza têm ainda um outro personagem, que segundo a polícia, agiu com crueldade: Marcos Aparecido dos Santos, ex-policial civil. A investigação aponta que Bola, um dos apelidos dele, teria assassinado a ex-amante de Bruno dentro da casa. “Ah, ele não parecia ser desse jeito não. Eu nunca imaginei que ele poderia fazer isso”, diz um conhecido dele. O ex-agente foi exonerado da Polícia Civil em 1992 por indisciplina, mas nunca abandonou a farda. No mesmo sítio em que a polícia fez buscas pelos restos mortais de Eliza, em Esmeraldas, ele dava treinamentos para pessoas que usavam o uniforme da tropa de elite da polícia mineira, o Grupo de Resposta Especial da Polícia Civil (G.R.E).

O G.R.E O grupo foi criado em 2004 com 59 policiais e extinto no ano passado. Os agentes são investigados desde que surgiu a suspeita de que o sítio, emprestado por marcos, tenha sido usado por grupos de extermínio. No certificado recebido por um dos integrantes do curso aparece o carimbo do G.R.E e a assinatura do então coordenador do grupo, o inspetor Júlio Cesar Monteiro de Castro, irmão do atual chefe da Polícia civil de Minas Gerais.

“O Júlio César administrava muitas partes do curso também. Tipo, manuseio de fuzil, pistolas .40, entradas táticas, tudo era com o Júlio. Mesmo não sendo policial.” Dezesseis anos após o afastamento, Bola continuava se passando por policial. Andava armado e usava o uniforme do G.R.E. “Ele falava que era do G.R.E, inclusive chegou a falar pra todos que chegou a fazer uma intervenção. A última intervenção que ele tinha feito com o grupo era numa cadeia pública que teve em Ibirité, uma rebelião, onde os presos se rebelaram e conseguiram tomar posse de todas as armas da cadeia. Foi uma das rebeliões de mais alta complexidade pro grupo G.R.E”, conta um rapaz que fez o curso. “Esse ex-policial foi de um concurso de 1990, tomou posse em 1991 e foi excluído em 1992 por indisciplina, por não atender às exigências legais de se manter na corporação. Dessa exclusão até agora, o que a gente passou a ter notícia dele, do ponto de vista de corregedoria, foi desse momento com o G.R.E, em que ele tem um relacionamento de amizade com um dos ex-membros e, através dessa amizade, teria emprestado esse espaço para o grupo. Não é a instituição, não foi um acordo, não foi uma coisa da instituição. Existe um inquérito em que, dentre outras coisas, a gente investiga essa possível irregularidade, com possível utilização até de equipamentos do estado. Até então, não temos ainda a confirmação de que esses objetos sejam da corporação”, explica o corregedor-geral da Polícia Civil de Minas, Geraldo Morais Júnior.

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