Em Santiago, chilenos tentam manter otimismo por uma vitória sobre Brasil | Rio das Ostras Jornal

Em Santiago, chilenos tentam manter otimismo por uma vitória sobre Brasil

Chilenos são tímidos ao falar sobre chances da seleção contra time de Dunga.

Seleção chilena resgata orgulho do país devastado pelo terremoto.

Faltam algumas horas para a partida contra o Brasil nesta segunda-feira (28), e o clima em Santiago pouco lembra o de outros jogos do Chile na Copa do Mundo. Pela noite de domingo (27), as habituais vuvuzelas que se escutavam durante os pré-jogos anteriores – onde o Chile passou por cima de Honduras, Suiça e conseguiu se classificar mesmo perdendo para a Espanha – não tomaram conta da cidade, bem como as buzinas e as bandeiras do país. O sentimento dos santiaguinos, tímidos por natureza, está visivelmente dividido.

Em qualquer conversa casual, ao escutarem o idioma do país que hoje é rival, a amabilidade dos chilenos com o brasileiro termina em uma piada como “hoje não há amizade entre os países vizinhos, os irmãos também brigam”. Foi o que disse o taxista Ramirez Soto, nascido em Santiago, amante do futebol e testemunha da Copa do Mundo no Chile em 1962. Para ele, os cinco títulos de campeão do mundo do Brasil não abalam a confiança do chileno. “Nós enfrentamos terremotos, maremotos e saímos sempre com um sorriso no rosto. Você acha que não acreditamos em um 2 a 1 para o Chile hoje?”, apostou Soto, que verá o jogo com amigos e familiares em sua casa.

Para outro taxista, no entanto, as chances de vitória chilena são mínimas. "Já fomos eliminados pelo Brasil em 1962 e 1998. Temos um ótimo técnico e jogadores com muita garra, mas ainda sim não se compara ao time do Brasil. Acho que mais uma vez a vitória fica com os brasileiros ", opina Mauro Carvajal.

Mais adiante, em busca de uma bandeira chilena ou alguma manifestação de camisetas da “roja”, mais uma conversa altera o rumo de uma simples compra de bilhete de metrô. Ao escutar o espanhol mesclado com o sotaque brasileiro, Ximena Gutierrez fala em tom baixo “estou com o Brasil hoje”.

Como o Chile nunca ganhou um Mundial e faz 12 anos que não participamos, já me acostumei a apoiar o Brasil"

Ximena Gutierrez, torcedora

Ela explica: “Como o Chile nunca ganhou um Mundial e faz 12 anos que não participamos, já me acostumei a apoiar o Brasil, tenho um carinho especial, vocês são alegres e isso contagia, faz bem ao nosso país. Por isso, apóio o Brasil”, sorri Ximena, cautelosa para que nenhum chileno escute que hoje seu coração será verde e amarelo.

Depois da viagem do metrô sem qualquer vestígio da camiseta ou bandeira do Chile, voltando às ruas ainda com o silêncio de uma cidade apreensiva e cautelosa contra o jogo com o Brasil, está clara a sensação que supera qualquer título: os chilenos estão felizes porque hoje têm um motivo para estampar capas de jornal. “El Mercurio” e “La Tercera”, os maiores jornais impressos do país, hoje podem noticiar as glórias de uma seleção que representa um país que, até então, tinha somente atenção maior voltada aos danos do terremoto.

O presidente Sebastián Piñera passou todos os jogos apoiando a seleção ao lado das vítimas do desastre que vivem na região mais afetada, de Bío Bío. Hoje se espera que faça o mesmo, e esperamos que, independente de ganhar ou perder, a felicidade da classificação do Chile para as oitavas de final nessa Copa do Mundo 2010 contagie e renove as forças do país para que siga lutando pela reconstrução das zonas mais afetadas pela catástrofe.

Quem caminha pelas ruas de Santiago não se depara com muitas bandeiras ou muros pintados em função da Copa, mas pelas ruas, bares e supermercados, o assunto domina todas as conversas e os turistas brasileiros que chegam à capital chilena para aproveitar a temporada de inverno nas estações de esqui são alvos de piadas e brincadeiras.

A seleção brasileira já nos venceu nos últimos cinco jogos, acho que podemos provar que ninguém é capaz de nos vencer seis vezes"

Francisco Carmona, estudante

"Depois do jogo, vocês vão chorar", dizia confiante Javier Aguilera, funcionário de um supermercado a dois turistas paulistanos que compravam uma garrafa de vinho.

Francisco Carmona, estudante de Engenharia, prometeu aos amigos o sacrifício de depilar as duas pernas em caso de uma classificação para as quartas de final. "Sei que é difícil vencer o Brasil, mas sempre lembro uma declaração do tenista chileno Fernando Gonzalez, que após vencer Roger Federer depois de sete derrotas, disse que o que aprendeu com isso é que ninguém era capaz de vencê-lo oito vezes seguidas", destaca. "A seleção brasileira já nos venceu nos últimos cinco jogos, acho que podemos provar que ninguém é capaz de nos vencer seis vezes."

No dia em que comemoram o feriado de São Pedro e São Paulo, a população chilena tem que rezar por um milagre para continuar nesse mundial, mas em nenhum momento põe em dúvida a capacidade de seus jogadores.

- "O Chile tem mostrando um bom jogo e faltou só faltou um pouco de pontaria para marcarmos mais gols na primeira fase. Mas eu tenho muita fé que os jogadores darão o melhor de si em campo e que podemos mudar a história ", acredita o vendedor Cristián Arévalo.

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