PF leva em consideração período entre 2021 e 2022; relatório fala em crescimento “estrondoso”: 11.092.533%
A Associação dos Aposentados
Mutualistas para Benefícios Coletivos (AMBEC), alvo de investigação da Polícia
Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) por descontos indevidos em
aposentadorias e pensões pagas pelo INSS, teve um aumento vertiginoso de
arrecadação nos últimos anos.
Em 2021, as contribuições dos
associados foram de R$ 135. O total saltou para R$ 14,9 milhões em 2022. Crescimento
de 11.092.533%. Em 2023 o valor foi a R$ 91 milhões. E somente nos três
primeiros meses de 2024 as contribuições alcançaram R$ 71,6 milhões. O
faturamento da associação soma R$ 178 milhões entre 2019 e 2024.
O aumento significativo no
faturamento da associação chamou a atenção da CGU, que fez uma auditoria na
entidade. Segundo a apuração, associação não apresentou a documentação
necessária para comprovar que aposentados e pensionistas tinham conhecimento e
concordaram com os descontos, como fichas de filiação e termos de autorização.
A defesa da associação,
representada pelos advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, diz que “não
praticou a atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus
associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas
(CORBANS), de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima
quanto seus associados. Ou seja, as reclamações são fruto de possíveis erros
havidos no momento da afiliação de novos associados”.
A CGU apontou que, no caso da
AMBEC, “inexiste estrutura física adequada e compatível com as ações de
captação, filiação e atendimento da quantidade de associados registrados” e que
os aposentados vítimas dos descontos registrados na entidade “desconhecem por
completo” a associação.
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Segundo a investigação, a AMBEC é
supostamente controlada por “laranjas” ligados ao empresário do setor de saúde
Mauricio Camisotti.
A AMBEC foi fundada em 2006, e
está sediada no bairro Vila Olímpia, em São Paulo. Até fevereiro do ano
passado, ela era presidida por Maria Inês Batista de Almeida, ex-auxiliar de
dentista que trabalhou nas empresas Brazil Dental e Prevident, ambas do grupo
THG (Total Health Group), de Camisotti. Ela é moradora do Jardim Robru, no
extremo leste de São Paulo, segundo o inquérito.
Segundo o inquérito da PF, o
grupo THG comandaria outras duas associações: a União dos Servidores Públicos
do Brasil (Unsbras) e o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e
Pensionistas (Cebap).
As três associações juntas
respondem por 17,3% de participação nos descontos estimados de 2024, somando R$
456,5 milhões e superando, em conjunto, a campeã em descontos, a Confederação
Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
(Contag), com R$ 435 milhões descontados no ano passado.
O inquérito também cita que
Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, seria
procurador legal da associação. A PF caracteriza Antunes como figura central no
esquema investigado, como um lobista que representava as associações junto ao
INSS, cooptando funcionários públicos para liberar os descontos milionários.
O inquérito da Operação Sem
Desconto aponta uma série de transações financeiras suspeitas que reforça a
relação entre a AMBEC, outras associações supostamente controladas por Mauricio
Camisotti, e fraudes contra beneficiários do INSS.
Um dos exemplos citados é a
empresa Prevident, integrante do grupo THG e registrada em nome de Brilhante
Palmeira. Entre agosto de 2023 e abril de 2024, a AMBEC transferiu R$ 16,3
milhões para a Prevident. Sobre esse assunto, a defesa da associação não
comentou.
A CNN tenta contato com as
defesas de Mauricio Camisotti e da Prevident.
Leonardo Ribbeiro da CNN ,
Brasília
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