Lula com o governador Renato Casagrande (2º à esq.) e os ministros Márcio Macêdo (esq.) e Jorge Messias na cerimônia de apresentação dos avanços do Novo Acordo Rio Doce, no Espírito Santo. Ricardo Stuckert/PR
Durante evento no Espírito Santo,
presidente acusou o antecessor de articular com o governo americano um tarifaço
ao Brasil a fim de pressionar o governo federal
Usando tom jocoso, o
presidente Luiz Inácio Lula
da Silva (PT) acusou nesta sexta-feira (11) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL)
de ter enviado um de seus filhos, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP),
aos Estados Unidos para pedir ajuda ao ex-presidente americano Donald Trump com
o objetivo de pressionar o governo brasileiro. Segundo Lula, a família
Bolsonaro teria articulado a imposição de tarifas a produtos brasileiros como
forma de retaliação ao avanço dos processos judiciais contra o ex-mandatário.
“Ele [Bolsonaro] mandou o filho
para os Estados Unidos pedir para o Trump fazer ameaça: ‘Ah, se não liberarem o
Bolsonaro eu vou taxar vocês’”, afirmou Lula durante evento em Linhares (ES),
onde o governo anunciou um novo acordo de indenização para vítimas do desastre
ambiental da barragem do Fundão, ocorrido em 2015. Na quarta-feira (9),
Trump anunciou que, a partir de 1º de agosto, os EUA aplicarão uma tarifa de
50% sobre a entrada de produtos brasileiros no país.
A medida foi comunicada em uma
carta direcionada a Lula, na qual Trump afirma que os EUA enfrentam déficit comercial com
o Brasil — alegação que o governo brasileiro contesta. “Em 15 anos, entre
comércio e serviços, nós temos um déficit de 410 bilhões de dólares com os EUA.
Eu que deveria taxar ele”, rebateu Lula, citando dados que também foram
divulgados pela Amcham Brasil nesta sexta, indicando superávit norte-americano
de US$ 1,7 bilhão na balança com o Brasil no primeiro semestre de 2025.
Lula ainda ironizou a atuação de
Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. “A coisa [Bolsonaro] mandou um filho que
é deputado se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Trump, pelo amor de
Deus, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’”, disse o presidente,
imitando uma voz chorosa. “Essa gente precisa tomar vergonha na cara”,
acrescentou. O petista também criticou o formato do anúncio feito pelo líder
americano. “Ele sentou no sofá e digitou: ‘Ô Lula, vou taxar’… Essas pessoas
não sabem o respeito que temos pelo nosso país.”
O presidentedo Brasil declarou
que buscará reverter a decisão por meio de negociações e recursos em organismos
internacionais, como a Organização Mundial do Comércio (OMC), e com parceiros do
Brics. No entanto, avisou que, caso não haja solução diplomática, retaliará os
EUA com base na Lei de Reciprocidade. “Taxou aqui, a gente taxa lá. Não tem
outra coisa a fazer”, afirmou.
Aliados do Planalto consideram que o aumento das tarifas,
articulado com o entorno de Bolsonaro, pode se voltar contra os próprios
bolsonaristas. Para o governo, a medida soou desproporcional e pode gerar apoio
interno à reação brasileira. Durante o evento, Lula usava um boné com a frase
“O Brasil é dos brasileiros”, adotado por apoiadores do governo como crítica à
suposta subordinação da oposição aos interesses dos Estados Unidos.
Por Jovem Pan

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