2/25/2025

O herói esquecido: ex-combatente da Segunda Guerra luta, aos 101 anos, para provar que está vivo em Macaé

Jorge dos Santos, 101 anos, participou da Segunda
 Guerra Mundial — Foto: Arquivo Pessoal

O nome de Jorge Santos consta em uma certidão de óbito registrada em São Paulo, datada de 2019, quando ele tinha 95 anos.

Aos 101 anos, Jorge dos Santos, ex-militar da Segunda Guerra Mundial, enfrenta um dos maiores desafios de sua vida: provar que ainda está vivo. Morador de Macaé, Região Metropolitana do Rio, seu nome consta em uma certidão de óbito registrada em São Paulo, datada de 2019, quando ele supostamente teria falecido aos 95 anos.

No documento, consta que ele era solteiro e tinha filhos, embora nunca tenha tido descendentes. Além disso, o CPF registrado não corresponde ao dele.

Em 2024, Jorge fez a prova de vida na Receita Federal, mas o erro na certidão de óbito impede que recupere seu benefício. Para corrigir a situação, precisa buscar sua certidão de nascimento em Aracaju. Sem acesso à internet e com problemas de audição, não consegue comprovar sozinho que está vivo.

"Eu nunca fui a São Paulo", afirma Jorge dos Santos, que hoje sobrevive com a ajuda de vizinhos e sobrinhos. Sua esposa, Rita, também enfrenta problemas de saúde. Sem acesso à aposentadoria, o casal não tem condições de pagar cuidadores ou comprar remédios.

"Sem esse documento, é impossível recuperar sua aposentadoria", explica o advogado Júlio Cesar Gonçalves, que acompanha o caso.

Jorge dos Santos é um dos 72 ex- combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) ainda vivos, a maioria com mais de 95 anos. Natural de Aracaju, ele embarcou para a Itália aos 21 anos para combater ao lado das tropas brasileiras. Enfrentou o frio, a fome e os horrores da guerra.

"Ajudei muita gente, salvei muita gente", relembra emocionado.

Agora, a batalha de Jorge não é mais contra um inimigo no front, mas contra a burocracia que insiste em apagá-lo da história. Mesmo diante da situação, ele ainda encontra forças para rir do absurdo de sua própria condição.

Por Andreia Freitas, g1 — Macaé

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