segunda-feira, dezembro 16, 2024

EUA: Prédios residenciais e hoteis de luxo começam a afundar em Miami


Uma pesquisa da Universidade de Miami, divulgada na última sexta-feira (13), apontou que dezenas de condomínios residenciais e hotéis de luxo em Miami estão afundando em taxas consideradas inesperadas. Cerca de 70% das construções em Sunny Isles foram afetadas, incluindo propriedades avaliadas em milhões de dólares.

O estudo identificou que quase todos os edifícios na costa apresentam sinais de subsidência, o que foi destacado por Falk Amelung, geofísico da Escola Rosenstiel de Ciências Marinhas, Atmosféricas e da Terra da Universidade de Miami e autor sênior da pesquisa. Ele classificou o volume de construções afetadas como expressivo.

Entre 2016 e 2023, 35 edifícios localizados em áreas à beira-mar, como Surfside, Bal Harbour, Miami Beach e Sunny Isles, registraram afundamentos de até 7,6 centímetros. Alguns dos empreendimentos afetados incluem o Surf Club Towers, Faena Hotel, Porsche Design Tower, Trump Tower III e Ritz-Carlton Residences. Ainda não há dados concretos sobre os impactos de longo prazo desses deslocamentos.

A pesquisa utilizou 222 imagens de satélites Sentinel-1, operados por agências europeias, que orbitam a 700 quilômetros da superfície terrestre. O método adotado, denominado “dispersores de radar persistentes”, analisou elementos fixos de estruturas, como varandas, telhados e calçadões, como pontos de referência para medir os deslocamentos do solo.

Antonio Nanni, coautor do estudo e professor de engenharia civil e arquitetônica da Universidade de Miami, destacou que a técnica permite monitorar a estabilidade do solo em arranha-céus costeiros e pode ser fundamental para reforçar a segurança na região. Ele ressaltou que, embora as análises baseadas em satélite nem sempre ofereçam respostas definitivas, o uso de equipamentos de maior resolução pode aprofundar as investigações. Nanni frisou a importância de manter residentes e autoridades informados sobre qualquer subsidência e a velocidade com que ela ocorre.

Quanto às causas do fenômeno, os pesquisadores identificaram que o subsolo de Miami, composto por calcário e camadas de areia, apresenta deslocamentos provocados pelo peso dos edifícios altos e pelas vibrações geradas durante a construção das fundações. O estudo sugere que o afundamento contínuo também pode ser intensificado pelos fluxos diários das marés e pela fissuração do calcário abaixo da superfície. Os especialistas recomendam que as construtoras busquem minimizar as vibrações durante as obras para reduzir o problema.

Gregor Eberli, coautor da pesquisa e presidente do Instituto de Geociências Robert N. Ginsburg, apontou que a subsidência resulta de uma combinação de mecanismos e que as descobertas levantam novas questões que exigem investigações detalhadas.

Em Sunny Isles Beach, área onde mais de 20 edifícios foram afetados, a prefeita Larisa Svechin afirmou que a segurança dos moradores é a prioridade. Ela destacou que não há relatos de problemas estruturais, mas convocou uma reunião com o gestor municipal para tratar do tema. Segundo Svechin, todas as inspeções exigidas estão atualizadas, e os registros dessas vistorias são publicados on-line e compartilhados com os residentes.

A pesquisa listou os edifícios que apresentaram afundamentos no período entre 2016 e 2023, incluindo Regalia, Ocean II, Residences by Armani Casa, Ocean III, Marenas Beach Resort, Millennium Condominiums, Porsche Design Tower, Bentley Residences, Trump International Beach Resort, Aqualina Resort and Residences on the Beach, entre outros empreendimentos de destaque na região.

Gazeta Brasil

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