Direita reconheceu a derrota
antes do fim das contagens dos votos; presidente Luis Lacalle Pou parabenizou
Orsi pelo resultado e se colocou à disposição para transição de governo
O esquerdista Yamandú
Orsi, da oposição Frente Ampla e aliado do ex-presidente José “Pepe”
Mujica, venceu as eleições presidenciais do Uruguai,
disputada neste domingo (24). Com 94,4% dos circuitos eleitorais apurados, Orsi
obteve 1.123.420 votos, contra 1.042.001 de Álvaro Delgado, informou o Tribunal
Eleitoral. Buzinas e gritos de euforia eclodiram na capital Montevidéu, reduto
da Frente Ampla no país, quando as projeções foram divulgadas. O candidato de
centro-direita Delgado, já reconheceu a derrota. Hoje os uruguaios definiram
quem exercerá a Presidência da República. E quero enviar aqui, com todos esses
atores da coalizão, um grande abraço e saudações a Yamandú Orsi”, disse
Delgado, cercado pelos parceiros da aliança governante que o apoiou no segundo
turno. O presidente Luis Lacalle Pou, parabenizou Orsi pelo resultado. “Chamei
Orsi para parabenizá-lo como presidente eleito do nosso país e me colocar à
disposição para começar a transação”, escreveu o atual mandatário em suas redes
sociais. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), também mandou
uma mensagem para o eleito.
“Quero congratular o povo
uruguaio pela realização de eleições democráticas e pacíficas e, em especial, o
presidente eleito Orsi”, escreveu. “A Frente Ampla e meu amigo Pepe Mujica pela
vitória no pleito de hoje”, acrescentou. “Essa é uma vitória de toda a América
Latina e do Caribe. Brasil e Uruguai seguirão trabalhando juntos no Mercosul e
em outros fóruns pelo desenvolvimento justo e sustentável, pela paz e em prol
da integração regional”, finalizou. Pesquisas de boca de urna apontavam Orsi
com 49,0% dos votos e Delgado 46,6%, segundo o Canal 10, com base em dados da
Equipos Consultores. Para o Canal 12, que citou a pesquisa Cifra, Orsi obtém
49,5% dos votos, contra 45,9% de Delgado. Com Orsi, a Frente Ampla volta ao
governo, perdido em 2020 após três mandatos consecutivos, um deles com Mujica
(2010-2015). O ex-guerrilheiro de 89 anos, que se recupera de um câncer no
esôfago, votou cedo em Montevidéu. “Meu futuro mais próximo é o cemitério, mas
me interessa o destino dos jovens, que quando tiverem a minha idade vão viver
em um mundo muito diferente”, disse, cercado por jornalistas.
Yamandú Orsi, um professor de
história de 57 anos, aparecia como favorito nas pesquisas que antecederam às
eleições. Ele assumirá o poder em 1º de março, e sucederá o presidente Luis
Lacalle Pou, com um nível de aprovação perto de 50%, mas impedido
constitucionalmente de disputar a reeleição. No primeiro turno, em 27 de
outubro, Orsi teve 17,2 pontos percentuais a mais que Delgado, que no segundo
turno contou com o apoio de todos os partidos da coalizão governista, que
juntos obtiveram 47,7%. Assim como seu adversário, Orsi disse estar aberto a
negociar com o outro bloco, algo que parece inevitável já que nenhum deles terá
maioria parlamentar. Após as eleições de outubro, a Frente Ampla ficou com 16
das 30 cadeiras no Senado, e a coalizão governante, com 49 das 99 cadeiras na
Câmara dos Deputados.
O esquerdista prometeu “uma
mudança segura que não será radical”. Entre sua propostas de governo está
impulsionar o crescimento econômico, em recuperação após a desaceleração devido
à pandemia e a uma seca histórica. Além disso, estão empenhados em reduzir o
déficit fiscal e em combater o aumento da criminalidade vinculada ao tráfico de
drogas. O Uruguai é a democracia mais sólida da América Latina, com alta renda
per capita e menores níveis de pobreza e desigualdade frente ao resto da
região. A situação econômica e a criminalidade dominam as preocupações dos
eleitores deste país agropecuário, com 3,4 milhões de habitantes e 12 milhões
de cabeças de gado.
Por Jovem Pan
*Com informações da AFP
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