quarta-feira, novembro 20, 2024

PCC expande seus tentáculos para o futebol português


O Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções criminosas mais poderosas do Brasil, tem demonstrado um crescente poder de atuação internacional, ultrapassando fronteiras e até continentes. De acordo com uma matéria publicada pelo jornal português Público, a facção está envolvida na administração do Fafe, um clube da terceira divisão de Portugal. A revelação coloca em foco o uso do esporte como possível fachada para atividades ilegais e lavagem de dinheiro.

Em resposta às denúncias, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) informou que irá investigar o caso, com o Conselho de Disciplina da entidade também conduzindo uma apuração detalhada sobre o envolvimento do PCC. A suspeita é de que, em 2023, o PCC tenha tentado adquirir outros clubes portugueses, como Varzim, Felgueiras e Vilaverdense, por meio de ofertas para comprar as Sociedades Anônimas do Futebol (SAF). Essas tentativas teriam envolvido pessoas com ligações estreitas à facção criminosa brasileira.

Entre os envolvidos nas negociações, destaca-se Ulisses Jorge, empresário e agente de jogadores, que, segundo o Público, tem sido uma figura central no processo. Outro personagem mencionado no relatório é um indivíduo que já foi preso em 2010 por tentar assaltar um banco na Bahia, no Brasil.

Apesar da gravidade das alegações, a Associação Desportiva Fafe, clube português envolvido, emitiu uma nota oficial negando qualquer vínculo ilegal com os empresários citados. “Não é verdadeira e é leviana a informação de que o empresário Ulisses Jorge, CEO da UJ Football Talent, estaria envolvido em qualquer esquema ilegal”, afirmou o comunicado.

A investigação revelou que, embora a entrada oficial dos empresários na sociedade do clube ainda não tenha sido formalizada, já há indícios de que as transferências de jogadores e outros negócios realizados pelo Fafe tenham como objetivo principal a lavagem de dinheiro, com envolvimento da facção criminosa.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, já havia alertado, em um evento realizado na cidade do Porto, sobre a crescente utilização de Portugal pelo PCC para fins de lavagem de dinheiro. Ele afirmou que o país europeu é visto como uma “porta de entrada” para a distribuição de drogas na Europa, devido à sua moeda forte, o euro, que oferece maiores lucros.

Segundo um relatório divulgado em novembro de 2023 pelo Serviço de Informações de Segurança de Portugal, cerca de mil membros do PCC, originários do estado de São Paulo, estão vivendo e operando no país europeu, concentrando suas atividades criminosas especialmente na região da margem sul do rio Tejo. Essa área é estratégica no tráfico de drogas, com destaque para a cocaína que chega à Europa.

A expansão do PCC para além das fronteiras do Brasil evidencia uma crescente internacionalização do crime organizado, trazendo preocupações sobre a utilização de setores legítimos, como o esporte, para camuflar atividades ilícitas e fortalecer o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro. 

Gazeta Brasil

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