A organização Justicia 11J informou nesta quarta-feira que 554 cubanos continuam encarcerados por participarem das protestas antigovernamentais de julho de 2021, as maiores na ilha em décadas.
No seu relatório anual,
intitulado Outro Ano Sem Justiça, apresentado nesta tarde, a ONG
alertou que a “repressão na ilha, por parte de instâncias estatais, é
sistemática e estrutural” e destacou que “o contexto repressivo cubano se
tornou mais complexo”.
Além disso, a Justicia 11J
afirmou que os 554 manifestantes ainda presos representam 35% das 1.580 pessoas
detidas desde as manifestações de 11 de julho de 2021 (11J). As penas de prisão
podem chegar a mais de 20 anos.
O relatório também destacou que
93% das 554 pessoas presas são homens. Dentre eles, 12 têm entre 20 e 21 anos
(foram detidos com 17 e 18 anos); 383 têm entre 22 e 45 anos; 92 têm entre 46 e
59 anos; e 13 têm 60 anos ou mais.
A Justicia 11J documentou que,
entre julho de 2023 e julho de 2024, houve 173 protestos em Cuba. Durante esse
período, pelo menos 35 pessoas foram detidas, das quais 27 continuam presas.
A organização criticou que o
Estado cubano tenha continuado manipulando o diálogo com atores internacionais
para projetar uma imagem falsa de compromisso com a sociedade civil e a
cidadania. Através de suas interações com representantes da ONU e da União
Europeia, o governo cubano demonstraria uma disposição oficial para manter relações
diplomáticas, enquanto evita suas responsabilidades.
Agredir Daniel Ferrer
Por outro lado, a recente
denúncia de que o opositor cubano Daniel Ferrer foi “brutalmente espancado” na
prisão onde está detido provocou, na última sexta-feira, um confronto de
acusações entre as autoridades dos Estados Unidos e de Cuba.
A esposa do opositor, Nelva
Ortega, afirmou que recebeu informações de que seu marido foi “brutalmente
espancado pelas autoridades penitenciárias” e que ele se encontra em um
hospital. “Exigimos que nos mostrem, que nos dêem uma prova de vida”, declarou
Ortega em um vídeo divulgado nas redes sociais.
Ferrer, declarado “prisioneiro de
consciência” pela Anistia Internacional, foi preso em Santiago de Cuba enquanto
se dirigia para as históricas marchas de 11 de julho de 2021.
Em resposta à denúncia da
agressão a Ferrer, o chefe da diplomacia americana para a América Latina, Brian
Nichols, se declarou “indignado” e pediu à Havana que liberasse todos os
prisioneiros políticos.
Por sua vez, o vice-ministro
cubano de Relações Exteriores, Carlos Fernández de Cossío, questionou como,
“com um histórico deplorável em direitos humanos”, os Estados Unidos poderiam
tentar “julgar outros países, como Cuba, para justificar a agressão”.
Havana acusou Washington de
violar os direitos humanos dos cubanos ao aplicar severas sanções econômicas
contra a ilha por seis décadas.
A União Europeia e a Igreja
Católica também exigiram insistentemente de Cuba a liberação dos dissidentes
presos. O regime cubano nega a existência de prisioneiros políticos na ilha e
acusa os opositores de serem “mercenários” dos Estados Unidos.
(Com informações da AFP e EFE)
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