Quadrilha prometia perda de 10 kg
em menos de 15 dias; medicamento era composto por inibidor de apetite e laxante
Rio - Marcelly Neves de
Lima, presa
nesta quarta-feira (27), apontada como líder de um esquema
de vendas de medicamentos falsos para emagrecer, conta com mais de 100 mil
seguidores nas redes sociais. A influenciadora ostentava uma vida de luxo,
exibindo fotos em viagens, restaurantes sofisticados e festas glamourosas, além
de mostrar cuidados com unhas e cabelos. Ela também divulgava uma casa de praia
para aluguel.
A quadrilha conta com um grupo no
WhatsApp de mais de 900 clientes, onde o produto "Seca Máximo" é
comercializado. Marcelly participava ativamente, esclarecendo dúvidas e
divulgando vídeos explicativos sobre o uso das cápsulas, horários e dosagens,
além de lançar promoções para atrair mais compradores. O frasco era
vendido por, em média, R$ 130.
Em um vídeo publicado no grupo de
clientes, Marcelly reforçou sua postura firme sobre o preço do produto e
revelou ter mais de mil clientes. No vídeo, ela deixa claro que não cederia a
pressões por descontos: "Gente, o valor não vai ser menos do que R$ 130.
Eu ainda ajudo algumas pessoas, dou o desconto, tiro a minha porcentagem. Aí
tem gente que fala: 'Ah, não posso comprar porque tá caro hoje'. Não compra,
entendeu? É isso, eu não vou ficar tirando meu lucro por conta de pessoas que
não querem comprar. Eu tenho pra mais de mil clientes, entendeu? Até o dia 20
vai manter esse valor, quem quiser comprar, compra. Quem não quiser comprar,
não compra. E é isso", declarou.
Em outro momento no grupo, uma
cliente relatou ter desistido de comprar o produto após ouvir o relato
alarmante de outra consumidora: "Estava na dúvida de comprar, mas depois
do relato de uma menina que falou que quase morreu, estou fora".
A consumidora que enfrentou os
efeitos adversos descreveu ter passado muito mal e precisou procurar ajuda
médica: "Não emagreci nada, tomei um mês, me arrastando. Passei muito mal,
com muito efeito colateral e parei no hospital. Minha pressão foi a 80/50."
Segundo ela, Marcelly chegou a prometer devolver o dinheiro, mas, em vez disso,
a bloqueou e não deu mais satisfação.
O grupo criminoso prometia perda
de 10 kg em menos de 15 dias. As investigações começaram após diversas vítimas
relatarem graves efeitos colaterais, como tonturas, vômitos, tremores e
sudorese. O medicamento foi enviado para análise pericial, que revelou a
presença de Sibutramina, um inibidor de apetite que age no sistema nervoso
central, e Bisacodil, um laxante, ambos proibidos para venda sem prescrição e
fiscalização da ANVISA.
Durante a operação, diversos frascos do medicamento foram apreendidos, todos
sem registro na ANVISA, lote, validade ou bula. No grupo, a quadrilha
minimizava os efeitos adversos, alegando que os sintomas eram
"normais" e desapareceriam com o uso contínuo.
A operação da Polícia Civil,
batizada de "Seca Máximo", cumpriu 12 mandados de busca e apreensão
na capital, Baixada Fluminense e Região dos Lagos, resultando na prisão de
Marcelly, sua mãe e uma terceira mulher. As três responderão pelos crimes de
tráfico de drogas, associação para o tráfico, venda de produto farmacêutico
corrompido, associação criminosa, exposição a perigo à vida alheia e crimes
contra o consumidor.
O Dia
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!