quarta-feira, novembro 27, 2024

Líder de esquema de remédios para emagrecer tem 100 mil seguidores e grupo com 900 clientes

Marcelly Neves de Lima é apontada como líder de um
 esquema de venda de medicamentos para emagrecer. 
Reprodução / Redes Sociais

Quadrilha prometia perda de 10 kg em menos de 15 dias; medicamento era composto por inibidor de apetite e laxante

Rio - Marcelly Neves de Lima, presa nesta quarta-feira (27), apontada como líder de um esquema de vendas de medicamentos falsos para emagrecer, conta com mais de 100 mil seguidores nas redes sociais. A influenciadora ostentava uma vida de luxo, exibindo fotos em viagens, restaurantes sofisticados e festas glamourosas, além de mostrar cuidados com unhas e cabelos. Ela também divulgava uma casa de praia para aluguel.

A quadrilha conta com um grupo no WhatsApp de mais de 900 clientes, onde o produto "Seca Máximo" é comercializado. Marcelly participava ativamente, esclarecendo dúvidas e divulgando vídeos explicativos sobre o uso das cápsulas, horários e dosagens, além de lançar promoções para atrair mais compradores. O frasco era vendido por, em média, R$ 130. 

Em um vídeo publicado no grupo de clientes, Marcelly reforçou sua postura firme sobre o preço do produto e revelou ter mais de mil clientes. No vídeo, ela deixa claro que não cederia a pressões por descontos: "Gente, o valor não vai ser menos do que R$ 130. Eu ainda ajudo algumas pessoas, dou o desconto, tiro a minha porcentagem. Aí tem gente que fala: 'Ah, não posso comprar porque tá caro hoje'. Não compra, entendeu? É isso, eu não vou ficar tirando meu lucro por conta de pessoas que não querem comprar. Eu tenho pra mais de mil clientes, entendeu? Até o dia 20 vai manter esse valor, quem quiser comprar, compra. Quem não quiser comprar, não compra. E é isso", declarou.

Em outro momento no grupo, uma cliente relatou ter desistido de comprar o produto após ouvir o relato alarmante de outra consumidora: "Estava na dúvida de comprar, mas depois do relato de uma menina que falou que quase morreu, estou fora".

A consumidora que enfrentou os efeitos adversos descreveu ter passado muito mal e precisou procurar ajuda médica: "Não emagreci nada, tomei um mês, me arrastando. Passei muito mal, com muito efeito colateral e parei no hospital. Minha pressão foi a 80/50." Segundo ela, Marcelly chegou a prometer devolver o dinheiro, mas, em vez disso, a bloqueou e não deu mais satisfação.

O grupo criminoso prometia perda de 10 kg em menos de 15 dias. As investigações começaram após diversas vítimas relatarem graves efeitos colaterais, como tonturas, vômitos, tremores e sudorese. O medicamento foi enviado para análise pericial, que revelou a presença de Sibutramina, um inibidor de apetite que age no sistema nervoso central, e Bisacodil, um laxante, ambos proibidos para venda sem prescrição e fiscalização da ANVISA.

Durante a operação, diversos frascos do medicamento foram apreendidos, todos sem registro na ANVISA, lote, validade ou bula. No grupo, a quadrilha minimizava os efeitos adversos, alegando que os sintomas eram "normais" e desapareceriam com o uso contínuo.

A operação da Polícia Civil, batizada de "Seca Máximo", cumpriu 12 mandados de busca e apreensão na capital, Baixada Fluminense e Região dos Lagos, resultando na prisão de Marcelly, sua mãe e uma terceira mulher. As três responderão pelos crimes de tráfico de drogas, associação para o tráfico, venda de produto farmacêutico corrompido, associação criminosa, exposição a perigo à vida alheia e crimes contra o consumidor.

O Dia

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