sexta-feira, novembro 29, 2024

Jihadistas invadem Alepo desde 2016, e o ditador Al Assad pede ajuda a Putin


Insurgentes sírios invadiram a cidade de Alepo, a segunda mais populosa da Síria, após detonarem dois carros-bomba na sexta-feira (29). Os confrontos com as forças do governo ocorreram nos limites ocidentais da cidade, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e combatentes locais.

Segundo Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH, militantes do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham (HTS) e aliados avançaram sobre bairros do oeste e sudoeste de Alepo, assumindo o controle de cinco áreas. “As forças do regime de Bashar al-Assad não ofereceram grande resistência”, afirmou Rahman.

Dois testemunhos confirmaram à agência AFP a presença de homens armados e cenas de pânico em Alepo. Esta é a primeira vez que a cidade é alvo de forças de oposição desde 2016, quando insurgentes foram expulsos de bairros do leste após uma intensa campanha militar apoiada pela Rússia, Irã e aliados do regime sírio.

Ofensiva e represália

Enquanto insurgentes avançavam, as forças de Assad retaliaram com ataques aéreos, em coordenação com aviões russos, sobre posições rebeldes na província de Idlib. O OSDH relatou 23 ataques aéreos apenas na sexta-feira, atingindo localidades controladas pela oposição.

Desde o início da ofensiva surpresa, na quarta-feira (27), milhares de insurgentes avançaram em direção a Alepo, capturando vilarejos e pequenas localidades no trajeto. Segundo o observatório, dezenas de combatentes de ambos os lados morreram nos confrontos até o momento.

Um comandante rebelde gravou uma mensagem publicada nas redes sociais pedindo aos moradores de Alepo que cooperassem com as forças insurgentes. A agência estatal turca Anadolu relatou que os combatentes da oposição entraram no centro da cidade na sexta-feira, mas não divulgou detalhes adicionais.

Civis afetados e caos na cidade

A mídia estatal síria informou que projéteis lançados pelos insurgentes atingiram alojamentos estudantis na Universidade de Alepo, matando quatro pessoas, incluindo dois estudantes. O transporte público para a cidade foi desviado da principal rodovia que liga Alepo a Damasco para evitar confrontos.

Moradores relataram ouvir sons de mísseis nas periferias de Alepo enquanto insurgentes também avançavam sobre a cidade de Saraqab, na província de Idlib. Esta área estratégica é crucial para manter as linhas de abastecimento que conectam Alepo.

Contexto e implicações

Os avanços insurgentes, liderados pelo HTS, são os maiores realizados por facções opositoras em anos. Esta nova ofensiva ocorre após semanas de relativa calma e representa os combates mais intensos no noroeste da Síria desde 2020, quando forças governamentais retomaram áreas controladas pela oposição.

As Forças Armadas Sírias acusam os insurgentes de violar um acordo firmado em 2019, que visava reduzir os conflitos na região, o último reduto significativo da oposição no país.

Impacto internacional

Grupos aliados ao Irã, que apoiam o regime sírio desde 2015, têm enfrentado suas próprias batalhas em seus territórios, o que pode ter reduzido o apoio imediato ao governo de Assad.

A ofensiva destaca a fragilidade da estabilidade na região e a dificuldade de alcançar um cessar-fogo duradouro.

 (Com informações da AFP e AP)

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