Insurgentes sírios invadiram a cidade de Alepo, a segunda mais populosa da Síria, após detonarem dois carros-bomba na sexta-feira (29). Os confrontos com as forças do governo ocorreram nos limites ocidentais da cidade, de acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) e combatentes locais.
Segundo Rami Abdel Rahman,
diretor do OSDH, militantes do grupo jihadista Hayat Tahrir al-Sham
(HTS) e aliados avançaram sobre bairros do oeste e sudoeste de Alepo,
assumindo o controle de cinco áreas. “As forças do regime de Bashar al-Assad
não ofereceram grande resistência”, afirmou Rahman.
Dois testemunhos confirmaram à
agência AFP a presença de homens armados e cenas de pânico em
Alepo. Esta é a primeira vez que a cidade é alvo de forças de oposição desde
2016, quando insurgentes foram expulsos de bairros do leste após uma intensa
campanha militar apoiada pela Rússia, Irã e aliados do regime sírio.
Ofensiva e represália
Enquanto insurgentes avançavam,
as forças de Assad retaliaram com ataques aéreos, em coordenação com aviões
russos, sobre posições rebeldes na província de Idlib. O OSDH relatou 23
ataques aéreos apenas na sexta-feira, atingindo localidades controladas pela
oposição.
Desde o início da ofensiva
surpresa, na quarta-feira (27), milhares de insurgentes avançaram em direção a
Alepo, capturando vilarejos e pequenas localidades no trajeto. Segundo o
observatório, dezenas de combatentes de ambos os lados morreram nos confrontos
até o momento.
Um comandante rebelde gravou uma
mensagem publicada nas redes sociais pedindo aos moradores de Alepo que
cooperassem com as forças insurgentes. A agência estatal turca Anadolu relatou
que os combatentes da oposição entraram no centro da cidade na sexta-feira, mas
não divulgou detalhes adicionais.
Civis afetados e caos na cidade
A mídia estatal síria informou
que projéteis lançados pelos insurgentes atingiram alojamentos estudantis na
Universidade de Alepo, matando quatro pessoas, incluindo dois estudantes. O
transporte público para a cidade foi desviado da principal rodovia que liga
Alepo a Damasco para evitar confrontos.
Moradores relataram ouvir sons de
mísseis nas periferias de Alepo enquanto insurgentes também avançavam sobre a
cidade de Saraqab, na província de Idlib. Esta área estratégica é crucial para
manter as linhas de abastecimento que conectam Alepo.
Contexto e implicações
Os avanços insurgentes, liderados
pelo HTS, são os maiores realizados por facções opositoras em anos. Esta nova
ofensiva ocorre após semanas de relativa calma e representa os combates mais
intensos no noroeste da Síria desde 2020, quando forças governamentais retomaram
áreas controladas pela oposição.
As Forças Armadas Sírias acusam
os insurgentes de violar um acordo firmado em 2019, que visava reduzir os
conflitos na região, o último reduto significativo da oposição no país.
Impacto internacional
Grupos aliados ao Irã, que apoiam
o regime sírio desde 2015, têm enfrentado suas próprias batalhas em seus
territórios, o que pode ter reduzido o apoio imediato ao governo de Assad.
A ofensiva destaca a fragilidade
da estabilidade na região e a dificuldade de alcançar um cessar-fogo duradouro.
(Com informações da AFP e AP)
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