A plataforma Comando Con Venezuela denunciou, nesta terça-feira (26), um ato de sabotagem contra a embaixada da Argentina em Caracas, após a descoberta do roubo de fusíveis que deixou o edifício sem fornecimento de energia elétrica. O incidente ocorreu um dia depois de Deusdado Cabello, número dois do regime chavista, negar que a sede diplomática, onde seis colaboradores da oposição, incluindo pessoas ligadas à dirigente Maria Corina Machado, estão refugiados desde março, tenha sofrido hostilidade ou intimidação.
Em uma postagem nas redes
sociais, a Comando Con Venezuela classificou o ato como uma “agressão
criminosa” e apontou que isso representa uma violação dos tratados
internacionais que garantem a inviolabilidade das missões diplomáticas e a
proteção de suas instalações.
“Após as declarações de Deusdado Cabello sobre
a eletricidade e serviços na embaixada da Argentina, os fusíveis foram
roubados. A sede diplomática permanece sem energia”, afirmou a organização.
No X (anteriormente Twitter),
Pedro Urruchurtu, um dos asilados e colaborador próximo de Machado, informou às
19h (hora local) que se passaram “mais de 24 horas sem fornecimento de energia
elétrica, desde que os fusíveis foram levados”, o que foi confirmado nesta
terça-feira.
Urruchurtu também relatou que
eles estão há mais de 72 horas sob um “cerco das forças de segurança do regime”
nos arredores da residência, que tem a proteção do Brasil desde agosto, após a
expulsão dos diplomatas argentinos.
Por sua vez, Magalli Meda, também
asilada, afirmou no X que se trata de um “abuso” e de um “desrespeito” ao
presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e ao corpo diplomático do
Brasil na Venezuela.
O ministro do Interior da
Venezuela, Deusdado Cabello, negou, na segunda-feira, que autoridades do regime
estivessem fazendo cerco à embaixada da Argentina em Caracas, após o governo do
presidente argentino Javier Milei denunciar “hostilidade” contra a residência
oficial do embaixador.
“Javier Milei é o fascista que
governa a Argentina (…). Não sei o que ele chama de assédio à embaixada,
realmente não sei do que ele está nos acusando”, disse Cabello durante uma
coletiva de imprensa do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV).
No sábado, o Ministério das
Relações Exteriores da Argentina denunciou “atos de hostilidade e intimidação”
contra sua embaixada e exigiu que a Venezuela emitisse “os salvocondutos
necessários” para que os opositores refugiados na embaixada pudessem deixar o
país.
“O despliegue de forças armadas,
o fechamento das ruas ao redor da nossa embaixada e outras manobras são uma
perturbação à segurança”, disse o comunicado da chancelaria argentina, que
também denunciou cortes de energia.
“Que paguem a luz, que paguem os serviços, nós
não vamos dar nada para eles”, ironizou Cabello.
O ministro chavista também
declarou que “acabou a impunidade na Venezuela”, referindo-se à ex-deputada
Maria Corina Machado, que chamou de “terrorista” e que está na clandestinidade
após denunciar fraude na reeleição de Nicolás Maduro em 28 de julho. A oposição
venezuelana afirma que Edmundo González Urrutia, exilado na Espanha após uma
ordem de prisão contra ele, venceu as eleições.
“Acabou a impunidade para a terrorista Maria
Corina, para os terroristas que a acompanham, para os que estão gerando
violência, para os que pedem sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela”,
declarou Cabello.
Na segunda-feira, Urruchurtu
denunciou que o “cerco” continuava nos arredores do imóvel por parte das forças
de segurança do Estado.
Ele afirmou que a situação na
residência “segue tensa”, com agentes de segurança “nos arredores e um cerco
permanente” desde as 18h (hora local) de sábado. “Não temos mais informações e
ninguém nos disse nada, mas eles permanecem lá”, disse o coordenador
internacional do partido Vente Venezuela, liderado por Maria Corina Machado.
Além disso, informou que, logo
após a meia-noite de domingo, o serviço de energia elétrica foi cortado, sendo
restabelecido às 17h (hora local) do mesmo dia.
No X, Urruchurtu alertou sobre a
presença de “funcionários de corpos de segurança do regime”, alguns deles
“encapuzados”.
Os seis opositores se refugiaram
em março após a acusação da Fiscalía chavista de vários crimes, como conspiração
e traição à pátria.
Além de Urruchurtu, estão
asilados também Magalli Meda, ex-chefe da campanha para as presidenciais;
Claudia Macero, coordenadora de Comunicações do VV; Omar González, ex-deputado;
Humberto Villalobos, coordenador eleitoral da Campanha do VV, e Fernando Martínez
Mottola, ex-ministro e assessor da Plataforma Unitária Democrática (PUD), o
maior bloco opositor.
(Com informações da AFP e EFE)
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