Em quarentena, moradores de El Alto recebem cestas básicas. Martin Alipaz/ EFE/ 21.04.2020 |
A Bolívia
voltou a registrar protestos nas cidades de Cochabamba e Al Alto. O país
começou recentemente a relaxar as medidas de isolamento social impostas para
combater a disseminação do coronavírus.
Os manifestantes pedem que o país volte ao normal, com a realização das
eleições.
Em um dos
locais de protestos, trabalhadores e pequenos empresários da região que atuam
na construção do trem metropolitano para Cochabamba afirmam que existem pagamentos
em aberto de 2019. Uma situação que, segundos os manifestantes, se torna
mais grave pela determinação de isolamento social.
Segundo o
jornal Los Tiempos, além da paralisação da obra e da falta de
pagamento, os trens que aguardam no porto correm o risco de irem para o Chile.
O ministério informou ao jornal que existem análises pendentes antes de
realizar os pagamentos.
#SantaCruz— Los Tiempos (@LosTiemposBol) May 13, 2020
Palmasola: muere cuarto reo con síntomas de #Covid19 https://t.co/Z0wNo8pXnY pic.twitter.com/HWqTtvw3cV
Ainda em
Cochabamba, os manifestantes fecharam a via que dá acesso ao aterro da região.
K'ara K'ara já está no segundo dia de bloqueio com a via principal continua
fechada com pedras.
Por lá, além do
retorno das atividades, os manifestantes pedem também a renúncia da presidente
interina Jeanine Áñez e do ministro de governo, Arturo Murillo. Segundo os
jornais locais, houve enfrentamentos com a polícia e militares na região.
Carta a Evo
Nesta
terça-feira (12), Arturo Murillo leu uma carta endereçada a Evo Morales, na
qual o governo pede que o ex-presidente deixe de "convulsionar" o
país. O documento será entregue ao candidato a presidência pelo partido MAS,
Luis Arce.
O governo acusa
o partido MAS de impulsionar os protestos nas duas regiões e consequentemente
descumprir a quarentena. Na carta, Murillo afirmou que as regiões são
conhecidas pela produção de coca e que a prioridade era voltar ao negócio da
droga.
"Para
vocês [Morales e Arce], lamentavelmente as prioridades não são a saúde nem a
economia, nem os benefícios que as famílias recebem. Para vocês as prioridades
é fomentar o negócio da coca em Chapare e fazer política defendendo-a",
diz a carta.
Murillo disse
que Evo Morales "insultou" as Forças Armadas e a polícia para frear a
violência e a coca em Chapare. O ministro disse que o ex-presidente causa
"mal-estar" no país.
Direitos
Humanos
A organização
internacional Human Rights Watch (HRW), através do diretor José Miguel
Vivanco, criticou nesta segunda-feira (11) trechos do decreto 4231 do governo
interino boliviano que criminaliza trabalhos que gerem "incertezas"
sobre temas de saúde.
"O novo
decreto de Jeanine Añez prevê uma prisão para quem escreve ou publica um
comentário ou uma obra artística que "gera incerteza" sobre questões
de saúde. Isso está usando a covid-19 para atropelar a liberdade de expressão
dos bolivianos", observou o diretor da organização para a defesa dos
direitos humanos.
Desde @RELE_CIDH envié nota al gob. de #Bolivia sobre deber de adecuar normas internas. No es compatible con sistema Interamericano uso del derecho penal para expresiones de interés público. La desinformación se combate con accesó a información pública: https://t.co/cZY75Bgi0e— Edison Lanza (@EdisonLanza) May 12, 2020
O relator
especial para a liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CDHI), Edison Lanza também criticou o decreto e enviou um comunicado
formal ao governo questionando o conteúdo da norma. A nova lei, segundo o
governo, tem como objetivo punir quem desinforma.
Para Lanza,
"o uso do direito penal para manifestações de interesse público não é
compatível com o sistema interamericano. A desinformação é combatida com acesso
à informação pública".
Coronavírus
Segundo o
último relatório do Ministério da Saúde, 122 pessoas morreram e há 2.831 casos
confirmados de covid-19, enquanto 299 se recuperaram, em uma população de cerca
de 11 milhões de habitantes no país.
A Bolívia
começou na segunda-feira passada uma nova etapa na quarentena , mundando da
restrita para uma "dinâmica", dependendo da evolução do contágio em
cada município.
Além disso,
algumas medidas são mantidas, como o fechamento de fronteiras e espaço aéreo,
com exceções e a proibição de eventos massivos, entre outros.
Do R7
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!