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A Polícia Federal
concluiu um inquérito da Operação Lava Jato na segunda-feira, 23, e indiciou o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento de 4 milhões de reais
da Odebrecht ao Instituto Lula. Além
do petista, foram indiciados pelos mesmos crimes o ex-ministro da Fazenda e da
Casa Civil Antonio Palocci e o presidente do instituto, Paulo Okamotto. Ao
empreiteiro Marcelo Odebrecht foram atribuídos os crimes de corrupção ativa e
lavagem de dinheiro.
Após o
indiciamento com a conclusão das investigações, os autos são submetidos ao
Ministério Público Federal (MPF), ao qual cabe apresentar ou não uma denúncia à
Justiça. Se a acusação for feita, o juiz avaliará se as acusações reúnem
indícios de autoria e materialidade dos crimes contra os denunciados e decidirá
se abre ou não uma ação penal.
Segundo o
relatório do inquérito que investigou Lula, assinado pelo delegado da PF Dante
Pegoraro Lemos, o dinheiro ao Instituto Lula foi repassado entre dezembro de
2013 e março de 2014, quando o petista já não era mais presidente, e saiu da
chamada “Planilha Italiano”, espécie de conta-corrente de propinas que a
Odebrecht mantinha com Palocci. O codinome do ex-ministro no setor de propinas
da empreiteira era Italiano. Os 4 milhões de reais são, conforme a polícia,
dinheiro de propina disfarçado como doações ao instituto.
“As evidências mostraram que os recursos
transferidos pela Odebrecht sob a rubrica de ‘doações’ foram abatidos de uma
espécie de conta-corrente informal de propinas mantida junto à construtora, da
mesma forma ocorrida com aqueles destinados à aquisição do imóvel para o
Instituto Lula. Surgem, então, robustos indícios da origem ilícita dos recursos
e, via de consequência, da prática dos crimes de corrupção ativa e passiva,
considerando o pagamento de vantagem indevida a agente público em razão do
cargo por ele anteriormente ocupado”, diz o relatório de indiciamento.
O ex-presidente
já é réu em um processo na primeira instância da Justiça Federal do Paraná que
apura se ele recebeu 12,9 milhões de reais em propina da Odebrecht por meio das
compras de um terreno que abrigaria o Instituto Lula, em São Paulo, e uma
cobertura vizinha à dele no Edifício Hill House, em São Bernardo do Campo (SP).
Este é o último processo da Lava Jato em que Lula ainda não foi sentenciado em
primeira instância.
O petista foi
condenado nas ações do sítio de Atibaia (SP) e do tríplex do Guarujá em
instâncias superiores. No caso do imóvel no litoral paulista, a sentença do
Superior Tribunal de Justiça (STJ) é de 8 anos e dez meses de cadeia, enquanto
o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), de segunda instância,
condenou-o a 17 anos de prisão pela propriedade no interior de São Paulo.
João Pedroso de Campos
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