terça-feira, setembro 04, 2018

Incêndio no Rio alimenta briga política

© Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Quando o Museu Nacional ainda ardia em chamas na noite de domingo, a tragédia já começava a se transformar em instrumento de luta política. Depois, nas ruas e nas redes sociais, militantes e candidatos tentaram se capitalizar eleitoralmente com a tragédia. Entre os presidenciáveis, principalmente Guilherme Boulos (PSOL), Ciro Gomes (PDT) e o vice registrado na chapa do PT, Fernando Haddad, classificaram a política para a preservação do patrimônio público como “lamentável” e criticaram a gestão atual. 
Integrantes do PT e do PSOL culparam a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos gastos, que limitou o orçamento federal, como um dos fatores que levaram ao incêndio. A ex-presidente e candidata ao Senado Dilma Rousseff (PT) usou as redes para culpar o atual governo: “é o retrato do descaso e desinvestimento promovido por (presidente Michel) Temer, (Henrique) Meirelles e o PSDB”. 
Ela foi rebatida por Meirelles (MDB), ex-ministro da Fazenda e candidato à Presidência: “Tão lamentável quanto o incêndio é ver gente oportunista tentando tirar proveito da situação para esconder nas cinzas do que sobrou a sua incapacidade de governar”.
O Movimento Brasil Livre (MBL), que tem lideranças concorrendo aos Legislativos federal e estaduais, disse que o reitor da Universidade Federal do Rio (UFRJ), Roberto Leher, é filiado ao PSOL e “culpou os bombeiros e a falta de verba”. O grupo criticou políticos ligados à esquerda por “culpar” a PEC dos gastos, justificando que o museu “recebeu” R$ 21 milhões do BNDES – em junho, foi assinado contrato de patrocínio com o Museu. Mas a verba não entra na PEC e não foi liberada por restrições eleitorais.
Candidato a senador no Rio e filho do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), Flávio Bolsonaro, do mesmo partido, sugeriu que a Polícia Federal deveria investigar o caso. Uma mensagem compartilhada por ele diz que é o quarto incêndio na “gestão PSOL” da UFRJ.
O ex-ministro da Cultura e candidato a deputado federal pelo PPS Marcelo Calero lembrou sua saída do governo Michel Temer. “Qdo (sic) bati de frente com (ex-ministro) Geddel (Vieira Lima) e Temer em defesa do patrimônio histórico, esses políticos canalhas saíram em defesa dos dois. Teve até um manifesto. Temer disse que eu havia feito ‘carnaval’. Agora, nossa memória virou cinzas, e vêm posar de bastiões da cultura nacional. Nojo!” Já o ex-presidente do Livres Paulo Gontijo, candidato à deputado estadual no Rio, disse que a esquerda “tem o hábito vergonhoso de adorar um cadáver/destroço para chamar de seu e pedir voto”.
Ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun ironizou a busca por culpados: “Na televisão não vi ultimamente alguém destacando a história do museu, valorizando para que se tornasse mais amado pela nossa população. Está aparecendo muita viúva apaixonada, mas, na verdade, essas viúvas não amavam tanto assim o museu em referência”.
O que falaram os candidatos à Presidência sobre o incêndio do Museu Nacional
- Geraldo Alckmin, candidato do PSDB
“Diante da perda irreparável do maior acervo museológico brasileiro, devemos resgatar o compromisso de zelar permanentemente pela preservação do patrimônio e da memória.”
- Ciro Gomes, candidato do PDT
“Vamos ajudar a atenuar esta tragédia que o desgoverno no Brasil permitiu acontecer contra nosso mais caro patrimônio histórico.”
- Marina Silva, candidata da Rede
“A catástrofe deste domingo equivale a uma lobotomia na memória brasileira.”
- Henrique Meirelles, candidato do MDB
“Além do acervo de valor inestimável, o prédio incendiado foi palco de momentos decisivos da história do País. Lá viveu a família imperial e foi sede da primeira Assembleia Constituinte republicana.”
- Alvaro Dias, candidato do Podemos
“Dois séculos de história e cultura, toda uma riqueza que pertencia ao povo brasileiro, e agora está deixando de existir.
- João Amoêdo, candidato do Novo
“Esse é o resultado da falta de gestão e do abandono político que vivemos no Rio de Janeiro e em todo o Brasil.”
- Guilherme Boulos, candidato do PSOL
“Os cortes criminosos de Temer em recursos da Cultura e em investimentos estão condenando nosso futuro e destruindo nosso passado.”
- Fernando Haddad, candidato a vice registrado na chapa do PT
“Instituto Butantã, Museu da Língua Portuguesa, Escola de Artes e Ofícios, Museu do Ipiranga e, agora, o Museu Nacional. Lamentável o descaso com o patrimônio histórico.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!