Reprodução |
O caso
aconteceu no Ciep Municipal Mestre Marçal, e começou a circular nas redes
sociais nos últimos dias. O professor pediu afastamento da unidade.
Alunos pedem
desculpas após humilharem professor em sala de aula em Rio das Ostras, no RJ
Um dos
estudantes que aparece no vídeo onde um professor é agredido e humilhado na sala de aula em Rio das Ostras,
no interior do Rio, fez um vídeo pedindo desculpas pelas ações.
O caso
aconteceu no Ciep Municipal Mestre Marçal e começou a circular nas redes
sociais nos últimos dias.
No vídeo de
desculpas, o aluno começa dizendo que "ninguém é perfeito (...) todo mundo
já teve um momento de criança, fazendo o 'bagulho' no embalo".
Depois o
estudante pede desculpas ao docente. "Queria pedir desculpa pelo
acontecido (...) pelo fato de eu ter feito o que fiz na sala de aula, por ter
'tacado' o objeto, não no professor, mas no quadro, e quase pegou nele, por ter
ficado brincando com a prova dele", disse.
"Ninguém
gosta né? Nenhum ser humano gosta de ser tratado assim. Mas na hora do embalo,
acaba fazendo, acaba não raciocinando nas consequências", explicou.
O aluno diz
ainda que reconhece o erro que cometeu. "Por isso estou aqui pedindo desculpa
(...) reconheço meu erro (...) errei com o professor, que eu não gostaria de
ter tratado assim (...) isso não é coisa que se faça com ninguém, depois que a
gente para pra raciocinar que vê que a gente agiu errado".
"Isso é
coisa de marginal, de vacilão, a gente tá na escola para estudar, e não para
ficar da debochando da cara de ninguém, principalmente do professor ",
finaliza o jovem.
O vídeo
Durante três
minutos de filmagem, alunos ofendem o professor, que demonstra calma em todos
os momentos.
Um dos
adolescentes chega a arremessar uma pochete na direção do professor quando ele
escrevia no quadro. O professor questiona se a intenção era atingi-lo e outro
aluno responde: "'Peraí' que agora vai acertar".
O aluno chega a
fazer ameaças graves quando é questionado por um colega.
"Vai matar
o professor, cara? Faz isso não. O cara te dá aula, o cara é maneiro", diz
o colega, que recebe a resposta: "O cara nunca mais vai dar".
Professor Tiago, humilhado e agredido em escola de Rio das Ostras - RJ |
Os vídeos foram
filmados por um estudante do colégio enquanto a turma fazia prova.
Em outro
momento do vídeo, o mesmo adolescente que arremessou a pochete amassa a prova
na frente do professor. O jovem também tenta destruir as provas dos colegas e
quando rasga uma folha, o colega debocha: "Aí, professor, acabou a
prova!".
As imagens mostram
ainda que um dos jovens chega a empurrar o professor exigindo que a porta
ficasse aberta.
A gravação, que
foi editada, mostra outro rapaz quebrando o quadro. Durante todo o tempo em que
os jovens cometem os delitos, os colegas brincam e estimulam os atos.
Estudantes de
CIEP em Rio das Ostras humilham professor
Posicionamento
da Secretaria de Educação
Por meio de
nota enviada pela assessoria de comunicação da Prefeitura, a Secretaria de
Educação de Rio das Ostras disse que as agressões foram informadas pelo
professor à ouvidoria na terça-feira (18).
Segundo o
município, o professor relatou que sofria agressões verbais, inclusive de cunho
racista, e que a secretaria começou a avaliar as medidas a serem tomadas para
dar suporte ao educador.
A nota diz
ainda que os alunos envolvidos foram imediatamente suspensos após o episódio e
que outras medidas socioeducativas estão sendo analisadas e podem ser tomadas.
"Segundo a
direção da escola, a turma é formada por alunos que vieram transferidos de
outra unidade de ensino, e muitos deles são indisciplinados. No entanto, ainda
não tinham sido registrados episódios como os ocorridos nesta semana",
pontua a nota.
A Prefeitura
afirmou também que o professor receberá todo o suporte jurídico e psicológico,
e que tomará medidas para que o apoio aos educadores, também na área
psicológica, seja ampliado.
O medo
Depois do
episódio, o professor pediu afastamento porque não tem condições de voltar a dar aula para
os jovens.
“Eu desejo
continuar com a minha profissão, mas temo pela minha vida”, destacou Thiago,
que chora ao lembrar do episódio.
Thiago tem a
consciência de que não é um caso isolado e que outros professores no Rio de
Janeiro e em outros estados passam por situações semelhantes a dele.
“Eram
constantes as agressões, mas a gente sempre acha que vai resolver com diálogo”,
destacou o professor, que leciona há dez anos.
Por G1 — Região dos Lagos
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