Mulher
caminha em frente a venda de alimentos em Buenos Aires;
Argentina
vive momento de inflação descontrolada
(Foto: Eitan
Abramovich/AFP)
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Governo
tenta renegociar ajuda do FMI, em meio a crise de desconfiança e queda de
popularidade do presidente Mauricio Macri.
"Já chega.
Não dá para viver sempre com sacrifício. O preço da carne aumenta todos os
dias", denuncia Ezequiel González. Como muitos argentinos, ele deixou de
confiar no governo, que não consegue conter a crise a financeira.
A queda da
moeda argentina estimulou a inflação, que, segundo as previsões do mercado,
chegará perto de 40% em 2018.
Diariamente,
González viaja duas horas de ônibus de Ciudad Evita, no subúrbio oeste da capital
argentina, para trabalhar no hospital Pirovano, onde é encarregado da
manutenção.
"Tudo é
muito complicado. Cada dia é pior. Não sei aonde isso tudo vai parar",
acrescentou.
Ele faz o
máximo de horas extras possível e ganha cerca de 20 mil pesos (cerca de US$
450) mensais. A quantia é insuficiente para o tradicional "asado", o
churrasco dos domingos da família. "Os 'asados' são para os aniversários,
a carne está muito cara", lamenta.
'Fora FMI'
Nas ruas de
Buenos Aires, multiplicam-se as pichações que pedem "Fora FMI". As
manifestações contra a política econômica do presidente de centro-direita
Mauricio Macri acontecem quase todos os dias. Em vários bairros de Buenos Aires
e em outras cidades do país, já foram feitos "panelaços" contra sua
política de austeridade.
Embora essas
mobilizações sejam bem menores do que as realizadas na crise de 2001, o
descontentamento é generalizado.
"Estou
desesperada. Me sinto impotente, tenho medo de passar fome e não poder mais
pagar meus remédios quando me aposentar, daqui a um ano", diz Graciela
Pérez, professora de 64 anos.
Crise de
confiança
"As
pessoas esperam uma melhora depois de dois anos. A paciência acaba, fica a
impressão de que quem nos governa não está à altura dos desafios
econômicos", comenta Antonio Buffo, de 50 anos.
Depois de
fechar, em junho, um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para
emprestar US$ 50 bilhões em três anos, o governo agora negocia
uma antecipação desses desembolsos em troca de um
ajuste mais rigoroso.
Edith Zaida
trabalha à noite. Cuida de uma idosa e ganha 12 mil pesos por mês (cerca de US$
300), além de criar seus quatro filhos de entre 5 e 14 anos durante o dia.
"São
empresários, governam para os ricos", acusa a mulher de 42 anos.
"Cristina (Kirchner) cuidava mais dos pobres. Talvez
tenha roubado, mas comemos bem com ela", afirma, referindo-se aos
governos da ex-presidente, entre 2007 e 2015. "Estou muito nervosa. Às
vezes, começo a chorar de raiva", confessa.
"Mais uma
crise", lamenta Imelda Rodríguez. "O dia a dia é cada vez mais
difícil", completa. A assistente de direção de 43 anos declara que é de
direita, votou em Macri em 2015 e detesta Cristina Kirchner.
"Me
decepcionou, mas não há alternativas políticas melhores. Com todos os
sacrifícios que ele nos pede, espero que pelo menos esta política dê resultados
a longo prazo", resigna-se. A popularidade de Macri despencou
consideravelmente neste ano.
Por France Presse
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