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REUTERS/Ricardo Moraes
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O jornal Les
Echos traz nessa quarta-feira (18) uma reportagem sobre o cenário
eleitoral e a paralisia econômica do Brasil. O texto começa lembrando que
no dia 6 de setembro, os brasileiros assistiram com espanto à tentativa de
assassinato do presidenciável Jair Bolsonaro, esfaqueado durante ato de
campanha. Gravemente ferido, ele segue hospitalizado.
Poucos dias
antes, o Museu Nacional do Rio de Janeiro fora totalmente destruído por um
incêndio. O jornal lembra que o prédio bicentenário abrigava tesouros como o
fóssil humano mais antigo das Américas, Luzia. E que enquanto o fogo se
espalhava, os bombeiros descobriram que os hidrantes estavam secos.
O
correspondente do diário francês em São Paulo, Thierry Ogier, explica que
se os dois eventos aparentemente não têm relação entre si, eles revelam a face
do desânimo e da revolta que se abatem sobre os cidadãos brasileiros, a menos
de um mês das eleições presidenciais do dia 7 de outubro. Um pleito cujo resultado
permanece imprevisível, enquanto a economia sofre em pleno marasmo.
Segundo Les
Echos, enquanto 22% dos eleitores se dizem ainda indecisos, os demais
manifestam preferência ou por um ex-militar provocativo, no topo das pesquisas
antes de sofrer o atentado, ou por um ex- presidente preso por corrupção. A
candidatura de Lula, contudo, foi invalidada pela justiça eleitoral, como
lembra o texto.
Les Echos pergunta
se a corrupção desvendada nos últimos anos e o atentado contra o candidato em
campanha vão proporcionar o crescimento da extrema-direita numa das maiores
democracias do mundo.
O jornal lembra
que a radicalização política e a virulência das mensagens trocadas pelas redes
sociais colocam em jogo a tradicional imagem do Brasil como um país cordial.
Segundo Les
Echos, a radicalização também traduz a incapacidade dos sucessivos
governantes de restaurarem a autoestima de 150 milhões de eleitores, que se
sentem traídos por tantos casos de corrupção e pela incapacidade do governo de
reencontrar o caminho para o crescimento econômico.
O diário
econômico lembra que em 2015 o Brasil caiu numa das maiores recessões de
todos os tempos, de onde saiu de forma dolorosa no ano passado.
Esse foi também
o período dos escândalos de corrupção na Petrobras, quando bilhões de reais
foram desviados da companhia petroleira, num conluio entre o partido então no
poder (o de Lula, como ressalta o jornal) e grandes grupos de construção civil.
Desestabilizado,
o país agora está imerso numa grave crise política. Manifestações sem
precedentes antecederam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, mais
recentemente, após a prisão de Lula, relembra o texto.
A reportagem
afirma que o país virou a página de 13 anos de governo de esquerda, mas está
longe de diminuir o problema da corrupção endêmica. A maioria dos partidos está
sob investigação. E mesmo o presidente atual, Michel Temer, autor de reformas
pró-mercado, também é alvo de investigação, ressalta o jornal. "Um
verdadeiro apocalipse político, que favorece forças retrógradas, enquanto
torna-se difícil elevar a confiança na economia e o entusiasmo de eleitores
preocupados com o desemprego, a queda do poder de compra e a violência".
O jornal
termina dizendo que, seja qual for o resultado das eleições, o próximo
presidente terá como prioridade proporcionar ao Brasil um choque de confiança.
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