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Fethi Belaid/AFP
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Capturado e morto em 20 de outubro
de 2011, o ex-ditador líbio Muamar Kadafi enviou ao Brasil,
"secretamente", US$ 1 milhão para financiar a campanha do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002. É o que o ex-ministro do
petista, Antonio Palocci, teria afirmado nas tratativas de um
acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, segundo reportagem
da revista Veja, nesta sexta-feira, 8. Palocci está preso em
Curitiba desde setembro de 2016, quando foi alvo da 35ª fase da Lava Jato, a
Operação Omertà. Ex-ministro dos governos Lula e Dilma, o petista foi condenado
na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 12 anos, 2 meses e
20 dias de prisão pelo juiz Sérgio Moro em junho deste ano.
Palocci investe contra Lula desde
o início das tratativas das negociações do acordo. Em setembro, ele fez divulgar uma carta, escrita de próprio punho da cadeia e
entregue aos advogados para ser digitada e impressa, de três páginas e meia.
Explosivas, as palavras do ex-ministro foram endereçadas à presidente nacional
do partido, a senadora Gleisi Hoffmann.
Cirurgicamente montada e
retocada, a carta coloca o PT e Lula contra a parede, ao afirmar
que seus dois governos e de sua sucessora foram corrompidos pelo “tudo pode”,
pelos “petrodolares”. Antes, no dia 6 de setembro, Palocci confessara negociar
propinas com a Odebrecht e incriminara Lula ao revelar um suposto “pacto de sangue” entre
o ex-presidente e o empresário Emílio Odebrecht, em 2010, em que foi
acertado R$ 300 milhões em corrupção ao PT.
Já Kadafi sempre manteve relação
cordial com o ex-presidente, sendo referido pelo petista como "amigo" ou "irmão". Durante seu
mandato, Lula se reuniu pessoalmente quatro vezes com o ditador, que governou o
país com mãos de ferro durante 41 anos. Em 2009 foram duas vezes. Uma delas foi
na Cúpula América do Sul- África, realizada na Isla Margarita, Venezuela, no
dia 26 de setembro.
Na época, houve muitas críticas à
aproximação de Lula com Kadafi. Aconselhado por seus assessores mais próximos
(o ex-ministro Celso Amorim e o assessor especial da Presidência Marco Aurélio
Garcia), Lula dizia que o Brasil não tinha preconceitos e que se tratava de uma
diplomacia pragmática.
DEFESA
O PT não se pronunciou a respeito
da suposta delação de Palocci. Segundo a assessoria de imprensa, o partido não
comenta “notícias sem fonte”. No dia 15 de setembro, a presidente nacional da
legenda divulgou uma dura nota na qual acusa Palocci de inventar mentiras para
agradar os procuradores da Lava Jato e conseguir os benefícios das delação
premiada.
“A se confirmar, na forma de
delação oficial, o que foi vazado seletivamente para a imprensa, o ex-ministro
será mais um condenado que desistiu de se defender e passou a mentir
sobre Lula e o PT para satisfazer os procuradores da Lava Jato. O método criminoso de coagir
réus presos – ao qual poucos têm resistido – transformou a Vara de Curitiba
numa indústria de delações, que premia a chantagem e a mentira, mas envenena o
estado de direito e envergonha o sistema judicial brasileiro”, dizia a nota.
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