© Fournis
par RFI
|
O presidente
peruano, Pedro Pablo Kuczynski, que conseguiu escapar a destituição na semana
passada, vive uma nova crise, após o indulto concedido ao ex-presidente Alberto
Fujimori. Milhares de peruanos saíram às ruas de Lima na segunda-feira (25)
para protestar contra a decisão e exigir a renúncia do chefe de Estado.
Cerca de cinco
mil pessoas marcharam na segunda-feira na capital peruana, criticando o
indulto concedido a Fujimori e exigindo a renúncia de Kuczynski. "Fora,
fora PPK!", gritaram os manifestantes que carregavam cartazes com dizeres
"Fujimori, assassino e ladrão".
Entre os
participantes da marcha, estavam as famílias de 25 vítimas assassinadas
por esquadrões da morte do Exército durante o regime de Fujimori. O caso
foi acabou levando Fujimori à prisão, após ser condenado como responsável pelos
homicídios.
Os parentes das
vítimas pretendem recorrer à Corte Interamericana para pedir a anulação do
indulto. "Não é possível indultar estes crimes contra a humanidade",
afirmou Carlos Rivera, advogado das vítimas.
O protesto
terminou em confrontos com as forças de segurança. Policiais usaram gás
lacrimogêneo para dispersar os manifestantes e evitar que caminhassem até a
clínica em que Fujimori está internado.
Kuczynski
diz que indulto deveria "reconciliar" peruanos
Em discurso
transmitido por rádio e televisão na noite de segunda-feira, Kuczynski tentou
justificar o indulto, alegando que o concedeu para tentar reconciliar o país
antes que Fujimori morresse na prisão.
"Estou
convencido que aqueles que são democratas não devem permitir que Alberto
Fujimori morra na prisão, porque justiça não é vingança", disse o
presidente. "Foi a decisão mais difícil da minha vida", completou.
O indulto
estremeceu o governo. A bancada parlamentar de Kuczynski - 17 deputados de um
total de 130 -, registrou as renúncias de três legisladores até o momento.
Kuczynski
indultou e concedeu o perdão presidencial no domingo (24) a Fujimori, com base
em um relatório de uma junta médica. Os especialistas determinaram que Fujimori
"sofre de uma doença progressiva, degenerativa e incurável e que as
condições carcerárias significam um sério risco para sua vida, saúde e
integridade".
Peru
polarizado
As reações ao
indulto a Fujimori mostram um Peru polarizado, dividido entre simpatizantes do
fujimorismo e a indignação de seus críticos, que pretendem impugnar a medida em
tribunais internacionais.
"O que
aconteceu não garante a estabilidade, estamos avançando para uma nova
instabilidade", avalia o analista Mirko Lauer.
O contexto da
decisão de Kuczynski, três dias depois de evitar seu afastamento do cargo
pelo Congresso, sob a acusação de mentir por não revelar serviços de assessoria
à empreiteira brasileira Odebrecht, alimentou a fúria do antifujimorismo.
O fracasso da
moção para o impeachment de Kuczynski na última quinta-feira (21) no Congresso
peruano evidenciou uma possível troca de favores com o grupo rival do
presidente, liderado pelo filho de Fujimori, Kenji Fujimori. Unindo-se a outros
nove congressistas, ele evitou que Kuczynski fosse destituído.
"É
evidente que aconteceu uma troca da destituição pelo indulto", destacou Lauer.
Fujimori
segue internado
Fujimori, de 79
anos, passou a primeira noite em liberdade hospitalizado na UTI da clínica para
onde está desde o último sábado (23) devido a uma arritmia cardíaca e queda de
pressão. Ele permanecerá no local até sua recuperação e uma série de exames,
segundo o médico pessoal de Fujimori, Alejandro Aguinaga. "A alta
dependerá da evolução e em consequência disso será tomada uma decisão",
declarou.
O ex-presidente
foi condenado a 25 anos de prisão em 2009 por por crimes contra a humanidade e
corrupção. Na prisão, ele desenvolveu um câncer na língua, além de apresentar
problemas cardiovasculares.
Do lado de fora
da clínica onde está internado, dezenas fujimoristas manifestaram apoio ao
ex-presidente, que continua tendo forte apoio popular, apesar dos abusos
cometidos durante seu regime. Muitos o reconhecem por ter conseguido derrotar
os guerrilheiros do Sendero Luminoso e o MRTA e estabilizar a economia após a
crise da hiperinflação produzida sob o primeiro governo de Alan García
(1985-1990).
De acordo com
pesquisas recentes, 65% dos peruanos são favoráveis ao indulto a Fujimori.
(Com
informações da AFP)
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!