© Edilson
Rodrigues/Agência Senado Nomes como Renan Calheiros,
Romero Jucá
e Aécio Neves podem ter campanhas prejudicadas
por
investigações e mudança no sistema de financiamento eleitoral
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Com o
encerramento dos mandatos de dois terços dos senadores, os principais caciques
do Senado vão às urnas em 2018 em um cenário adverso: terão de explicar ao
eleitor as acusações das quais são alvo, propor saídas para a crise política e
enfrentar menor disponibilidade de recursos para financiamento de suas
campanhas.
Dos 54
senadores cujos mandatos chegam ao fim, 21 respondem a investigações no STF em
ações da Lava Jato ou desdobramentos.
Neste quadro,
estão nomes de destaque na Casa como Renan Calheiros (MDB-AL), Romero Jucá
(MDB-RR), Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente Eunício Oliveira (MDB-CE). Será
a primeira eleição geral após o STF ter proibido o financiamento empresarial,
em 2015, e depois de a classe política ter sido atingida pela Lava Jato.
Segundo
colocado na corrida presidencial em 2014, Aécio agora enfrenta dificuldades
para firmar sua candidatura à reeleição.
O mineiro
enfrentou forte desgaste em 2017 após ter sido gravado pelo empresário e
delator Joesley Batista. Foi denunciado pelos crimes de obstrução de Justiça e
corrupção passiva e afastado duas vezes do mandato pela Justiça.
Por meio de sua
assessoria, o tucano não confirmou se disputará uma vaga no Senado, mas disse
que, na avaliação de seu grupo político, "uma candidatura majoritária é o
melhor caminho para que o senador possa responder às acusações de que é alvo e
repor a verdade".
DISTÂNCIA
Réu no STF por
crime de peculato e alvo de inquéritos na Lava Jato, Renan passou a cuidar de
sua reeleição desde o início de 2017. Ele se distanciou de Michel Temer e
passou a fazer oposição a medidas como as reformas trabalhista e da
Previdência.
Além disso,
intensificou as agendas no interior de Alagoas ao lado do governador, Renan
Filho (MDB).
Com a
iniciativa, ele pretende minimizar o impacto de recursos mais escassos para a
campanha. "Acho que será uma eleição de corpo a corpo. Será preciso gastar
sola de sapato e conversar muito com as pessoas. Com menos dinheiro, contará
muito o serviço prestado aos municípios nos últimos anos. Teremos que mostrar o
que fizemos pelas pessoas", afirmou, por meio de sua assessoria.
Para se
defender das acusações, Renan tem subido o tom nas críticas contra Temer e o
ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso no Paraná. "Acredito que a
Lava Jato não será um problema para mim. As pessoas já entenderam que houve
excessos e acusações injustas", disse, em nota.
De olho nas
urnas, Eunício tem se voltado a agendas com o governador Camilo Santana (PT),
no interior do Ceará. Ao lado de Santana, seu adversário nas eleições de 2014,
ele tem reforçado que ajudou a levar obras importantes para a região, como a
transposição do rio São Francisco.
Empresário com
patrimônio de R$ 99 milhões declarado à Justiça eleitoral, Eunício não deve ter
dificuldade em custear sua campanha.
O peemedebista
afirma que as novas regras trouxeram mais equilíbrio entre os candidatos.
"Antes o céu era o limite, o autofinanciamento poderia ser de R$ 1 bilhão,
1 trilhão ou um tostão. Nós botamos o teto. O que aconteceu foi uma
evolução."
Sobre as
acusações existentes contra ele na Lava Jato, Eunício diz que ficou
"chateado" e que as suspeitas não têm fundamento. Ele é acusado de
ter vendido medida provisória. Segundo ele, a delação é infundada. "Tenho
convicção de que vai ser arquivado. Eu tenho apenas inquérito, não
denúncia."
CONTROLE
Outro cacique
investigado e que vai disputar a reeleição é o líder do governo no Senado,
Romero Jucá. De Estado com número reduzido de eleitores, ele tem controle sobre
a política local e não deve enfrentar dificuldades. Em sua defesa, vem
afirmando que as acusações são "armação" do ex-procurador-geral da República
Rodrigo Janot.
A Lava Jato
coloca em risco ainda candidaturas como a da senadora Marta Suplicy (MDB-SP),
mencionada nas delações da JBS e da Odebrecht. A senadora enfrentará
dificuldade com seu tradicional eleitorado petista, na Grande São Paulo. Ela
trocou em 2015 o PT pelo MDB.
Outro senador
por São Paulo, o tucano Aloysio Nunes, também terá uma reeleição apertada.
Ministro das Relações Exteriores, afirmou via assessoria que pretende se
desincompatibilizar em abril para se candidatar. Com informações da Folhapress.
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