O vento é a fonte de energia que mais cresceu no Brasil nos últimos cinco anos. |
O vento é a
fonte de energia que mais cresceu no Brasil nos últimos cinco anos. E tem gente
que vê nisso uma oportunidade de arrecadação.
O aumento da
produção de energia elétrica pode fazer com que o Brasil se torne o primeiro
país a cobrar royalties do vento e isso já está recebendo críticas.
A mais
importante fonte de energia do Brasil sempre foi a mais barata e competitiva de
todas. Isso até semana passada. Pela primeira vez na história dos leilões de
energia, a água foi ultrapassada pelo vento. O preço da energia eólica
ficou mais barato em comparação com o das três últimas grandes hidrelétricas
construídas no país. Ficou também bem mais em conta que o preço médio de todas
as hidrelétricas contratadas desde o início dos leilões de energia, há 12 anos.
O preço da
energia solar também despencou (R$ 145,68 = mwh) e ficou menor até que o das
termelétricas a gás. A boa notícia é que tudo isso ajuda o consumidor. "Se
não fosse a energia eólica, o consumidor brasileiro estaria pagando mais caro
pela energia neste momento", afirma Elbia Gannoum, presidente da ABEÓLICA.
O vento é a
fonte de energia que mais cresceu no Brasil nos últimos cinco anos. Já são 503
parques eólicos instalados e 2017 foi um ano em que recordes importantes foram
quebrados: por alguns dias, a energia eólica chegou a abastecer mais de 12% de
todo o Brasil. Na região Nordeste, passou dos 60%.
São números tão
impressionantes que já há no Congresso Nacional um movimento que defende a cobrança
de royalties do vento. Pela proposta de emenda constitucional, o vento é
um recurso que pertence a todo o povo brasileiro e é justo que os benefícios
econômicos dessa atividade sejam compartilhados. O texto também afirma que as
fazendas eólicas ocupam vastas áreas que limitam a realização de outras
atividades econômicas, como o turismo.
Autor da
proposta, o deputado Heráclito Fortes, do PSB do Piauí, quer estender a
cobrança dos royalties para a energia solar: “Não é justo que nós tenhamos esse
potencial de produção, não só de eólica como de solar, e não se usufrua nada.
Você desvia a finalidade da terra. São áreas que poderão ser usadas para
agricultura ou para outros fins”.
Para o
ex-presidente da empresa de pesquisa energética a cobrança de royalties e
professor do COPPE, Maurício Tolmasquim, é um retrocesso: “Não tem lógica
nenhuma essa proposta de cobrar royalties da energia eólica. A energia eólica é
uma fonte renovável, não poluidora, que tem aumentado a renda de regiões pobres
do Nordeste onde pequenos proprietários estão podendo aumentar um pouco a sua
renda, e que trouxe várias fábricas de equipamentos que se instalaram no
Nordeste, criaram empregos e ainda estão trazendo receita para o governo”.
Quando o
assunto é energia limpa e renovável, o vento continua soprando a favor. Até
quando, ninguém sabe.
André
Trigueiro Rio de Janeiro
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