© VEJA O
ex-presidente do Grupo Odebrecht, Marcelo Odebrecht,
em
depoimentos de sua delação premiada
|
O conflito entre Ministério Público Federal e Polícia Federal em torno da
celebração de acordos de delação premiada na Operação Lava Jato ganhou mais um capítulo nesta
segunda-feira. Diante da falta de acesso ao notebook Marcelo Odebrechtpelo MPF, a
delegada Renata da Silva Rodrigues,
integrante da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, classificou como
“preocupante” que o acordo de delação premiada do empreiteiro tenha sido
firmado sem as provas que estavam no aparelho, incluindo os e-mails dele.
No último dia 4 de agosto, após um
pedido dos procuradores do Ministério Público para que fornecesse acesso ao
computador, Marcelo Odebrecht informou que não tinha a senha, gerada por meio
de um token. Conforme o empresário, o gerador de códigos, que ele mantinha em
seu chaveiro pessoal, havia sido entregue aos advogados da Odebrecht quando ele
foi preso. Outro token ficava com uma de suas secretárias.
Marcelo Odebrecht disse à PF que,
embora, durante a negociação de seu acordo de delação com a Procuradoria-Geral
da República, tenha reiterado a advogados e procuradores a necessidade de
acesso ao notebook para corroborar suas declarações com provas, os tokens não
foram encontrados e o departamento de tecnologia da empreiteira não conseguiu
encontrar uma alternativa a eles. O aparelho segue inviolável.
Em um despacho assinado ontem,
Renata Rodrigues ressaltou que a PF em Curitiba não recebeu da PGR nenhum
pedido por acesso ao computador, tampouco por quaisquer evidências colhidas
durante as operações de busca e apreensão contra Marcelo Odebrecht e suas
empresas.
“Preocupante para as investigações
que a obtenção de evidências contidas no laptop de Marcelo, e que teria sido
por ele supostamente indicado à PGR como importante fonte de prova (contendo
inclusive seus e-mails), não tenha sido exigida como condição sine qua
non para qualquer acordo – de colaboração ou leniência, especialmente
porquanto possa revelar novos fatos delitivos, ou mesmo contrariar fatos
reportados pelos colaboradores (e que foram valorados para o oferecimento de
benefícios)”, afirma a delegada da PF no documento.
Ainda de acordo com Renata, o
depoimento de Marcelo Odebrecht sobre o destino do token que geraria senhas
para acessar seu notebook demonstra, “no mínimo”, que a Odebrecht não tem
interesse em cooperar com as investigações e, “em um tom mais grave”, que houve
obstrução de Justiça no caso.
“Não há como se cogitar que
pertences pessoais de Marcelo tenham simplesmente se extraviado, especialmente
existindo a orientação específica da esposa deste de que fossem entregues ao
Departamento Jurídico da empresa, provavelmente aos defensores citados por
Marcelo em suas declarações”, critica Renata Rodrigues.
VEJA.com
0 comentários:
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentario.
Fique sempre ligado do que acontece em nossa cidade!