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BRASÍLIA - O programa do PSDB
exibido nesta quinta-feira, 17, em rede nacional de rádio e TV, no qual o
partido reconhece como erro seu próprio fisiologismo e faz críticas diretas ao
governo do presidente Michel Temer, foi fortemente criticado por três dos
quatro ministros tucanos. No Palácio do Planalto o vídeo foi visto como um
“tiro no pé” por auxiliares do presidente, que classificaram a peça de
“ridícula”.
Em dez minutos de programa, o PSDB
faz uma autocrítica por ter “aceitado o fisiologismo” e define Temer como um
presidente que “enfrenta dificuldade de governar e unir o País”. A peça também
defende a adoção do parlamentarismo no Brasil, bandeira do partido.
“O presidencialismo de cooptação
que vigora no Brasil faliu, tendo gerado crises sucessivas e muita
instabilidade política”, diz um locutor, sem citar que ministros do partido
negociaram emendas parlamentares em troca de votos de deputados a favor da
rejeição da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra
Temer.
Nenhum político aparece no
programa, encomendado pelo presidente interino do PSDB, senador Tasso
Jereissati (CE). A linha foi definida por ele sem consultar a executiva
nacional. Tasso não foi localizado nesta quinta-feira.
‘Desconfortável’. Logo após a
veiculação do programa, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy,
do PSDB da Bahia, divulgou nota na qual afirma que a peça “ofende fortemente” o
partido. Segundo ele, o programa “apresenta colocações rasas, genéricas, e não
teve a coragem de apontar os culpados pelos vícios e mazelas que o programa
condenou”.
“A linha adotada no programa
partidário ofende fortemente o PSDB, colocando o partido numa posição
extremamente ruim e desconfortável, como se fosse o culpado por todos os
problemas, inclusive aqueles criados por governos do PT, dos quais foi
oposição”, escreveu o ministro.
Aloysio Nunes Ferreira, ministro
tucano das Relações Exteriores, fez 38 publicações em sua conta no Twitter nas
quais critica o conteúdo do vídeo. Segundo ele, o programa é “um monumento à
inépcia publicitária” e “a expressão de uma confusão política digna de figurar
numa antologia do gênero”. “Em suma, esse programa não me representa. Não
participei de sua concepção e em nenhum momento minha opinião foi demandada”,
escreveu.
O ministro das Cidades, Bruno
Araújo (PSDB-PE), também divulgou nota na qual rebate as críticas de
fisiologismo, afirmando que os parlamentares do partido têm votado “em ideias
em que acreditam”. Para Araújo, a peça não é justa com a história do partido.
“O programa não me representa.”
Segundo um interlocutor de Temer,
o PSDB não poderia ter feito críticas ao governo porque comanda quatro
ministérios importantes – é do partido também a pasta de Direitos Humanos. Ele
sugeriu ainda que a peça dá força ao discurso do Centrão – grupo de cerca de
150 deputados de partidos como PP, PR e PSD – que quer comandar o Ministério
das Cidades.
Estadão
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