© VEJA Edmar
Bacha, Gustavo Franco, Elena Landau
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Um grupo de economistas ligados
ao PSDB desde a
fundação e que participou da elaboração e implantação do Plano Real lançou uma carta
pedindo a refundação ética e programática do partido, o afastamento do governo
Temer e a sua reorganização para impedir que em 2018 um radical populista de direita ou de esquerda ganhe a
eleição para a Presidência.
A carta foi assinada por Edmar Bacha, Gustavo Franco – ambos
integrantes da equipe que criou o Plano Real -, Elena Landau (que comandou o programa de desestatização no
governo Fernando Henrique Cardoso) e Luiz Roberto Cunha, que a exemplo dos
outros três, integrou um grupo de economistas da PUC-Rio, que também reunia
Persio Arida, André Lara Resende e Francisco Lopes, de grande influência na
economia brasileira nos anos 1990.
Os signatários dizem que chegaram
a pensar em se desligar do PSDB, mas que optaram por escrever a carta e
enviá-la ao presidente interino do partido, o senador Tasso Jereissati(CE). “Continuamos a
acreditar nos ideais que levaram à fundação do PSDB, que eram os de
dissociar-se, em nome da ética, do PMDB controlado por Orestes Quercia; e
construir um partido social-democrata comprometido com a justiça social, a
ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a
estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao
mundo desenvolvido”, dizem no documento.
Na carta, afirmam ainda que o
“PSDB estabeleceu sua identidade a partir dessas pautas econômicas nas quais os
signatários empenharam seu trabalho e suas energias e com as quais o governo de
Fernando Henrique Cardoso deixou inestimável contribuição para a prosperidade
do país” e pedem que o partido se arme para a disputa eleitoral em 2018 que tem,
segundo pesquisa Datafolha de junho, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PSC) como favoritos.
“Não vemos no horizonte político
brasileiro outro partido com igual força para se contrapor ao enorme risco que,
mantido o atual governo, o país enfrentará nas eleições presidenciais de 2018.
Trata-se da possibilidade da eleição de um radical populista, de esquerda ou de
direita, que arruinaria com as perspectivas econômicas e talvez mesmo com a
democracia no país.”
Para eles, é fundamental que, para
vencer em 2018, o partido se dissocie imediatamente da gestão do
presidente Michel Temer (PMDB).
“Infelizmente incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado pela
corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por deixar
vazio o centro político ético de que o país tanto precisa.”
“Fica nosso apelo para que, na
convenção de agosto, sob sua liderança o PSDB – reafirmando seu apoio à equipe
econômica e mantendo-se à frente das reformas no Legislativo – decida (1)
renovar sua direção; (2) entregar os ministérios que têm no governo; e (3)
refundar-se programática e eticamente”, afirmam no documento.
No fim, eles dizem que “o Brasil
precisa ter de volta o PSDB de André Franco Montoro, José Richa e Mario Covas,
conduzindo as reformas necessárias para o país enfrentar os desafios do século
21. Confiamos em você [Tasso] para liderar esse movimento.”
Veja a íntegra da carta:
Rio de Janeiro, 27 de julho de 2017
Senador Tasso Jereissati
Diretório Nacional do PSDB
Brasília, DF
Caro senador,
Depois de longas conversas, entre desligarmo-nos do PSDB e escrever-lhe
esta carta, decidimo-nos por este último curso de ação, autorizando-o desde já
a compartilhar seu conteúdo com quem julgar de direito. A opção de nos desligar
do PSDB pareceu-nos no momento precipitada tendo em vista sua sábia decisão de
marcar uma convenção do partido para o próximo mês de agosto.
Continuamos a acreditar nos ideais que levaram à fundação do PSDB, que
eram os de dissociar-se, em nome da ética, do PMDB controlado por Orestes
Quercia; e construir um partido social-democrata comprometido com a justiça
social, a ideia de uma economia de mercado governada pela livre iniciativa, a
estabilidade da moeda, a responsabilidade fiscal e a integração do Brasil ao
mundo desenvolvido.
O PSDB estabeleceu sua identidade a partir dessas pautas econômicas nas
quais os signatários empenharam seu trabalho e suas energias e com as quais o
governo de Fernando Henrique Cardoso deixou inestimável contribuição para a
prosperidade do país.
Não vemos no horizonte político brasileiro outro partido com igual
força para se contrapor ao enorme risco que, mantido o atual governo, o país
enfrentará nas eleições presidenciais de 2018. Trata-se da possibilidade da
eleição de um radical populista, de esquerda ou de direita, que arruinaria com
as perspectivas econômicas e talvez mesmo com a democracia no país.
Infelizmente, incapaz até agora de se dissociar de um governo manchado
pela corrupção institucionalizada que herdou do PT, o PSDB tem optado por
deixar vazio o centro político ético de que o país tanto precisa. Como
afiliados com alguma responsabilidade pelas opções técnicas do partido,
esperamos com esta carta poder influir para mudar essa orientação.
Fica nosso apelo para que, na convenção de agosto, sob sua liderança o
PSDB – reafirmando seu apoio à equipe econômica e mantendo-se à frente das
reformas no Legislativo – decida (1) renovar sua direção; (2) entregar os
ministérios que têm no governo; e (3) refundar-se programática e eticamente.
O Brasil precisa ter de volta o PSDB de André Franco Montoro, José
Richa e Mario Covas – conduzindo as reformas necessárias para o Brasil
enfrentar os desafios do século 21. Confiamos em você para liderar esse
movimento.
Cordialmente,
Edmar Bacha, Elena Landau, Gustavo Franco e Luiz Roberto Cunha
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