Ex-secretário
de Obras, Alexandre Pinto, no momento de sua
prisão na
Zona Oeste do Rio, na quinta-feira (3)
(Foto:
Cristina Boeckel / G1)
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Colaborador contou que cobrança
era feita 'logo que valores eram recebidos da Prefeitura' e fiscais lembravam
do 'compromisso'. Na operação, secretário da gestão de Paes foi preso.
A operação do Ministério Público
Federal (MPF) que culminou na prisão do ex-secretário da gestão de Eduardo Paes
(PMDB), Alexandre Pinto, indica que o titular da pasta de Obras e outros
servidores públicos cobravam propina de 1% em cima do valor de obras. Mas,
segundo um delator, até este pagamento era corrompido: nem sempre pago na
íntegra, gerava "cobranças frequentes".
Segundo o colaborador, os valores
que já eram desviados dos cofres públicos também se perdiam antes de chegar nos
bolsos dos fiscais que se comprometiam a fazer vista grossa na vistoria das
obras. O repasse, segundo o MPF, era feito por uma diretora do Consórcio da
Carioca Engenharia ao gerente do contrato, Marco Túlio Morales de Carvalho.
O problema é que, segundo ele, os
valores entregues em envelopes fechados "nunca correspondiam
efetivamente" ao valor combinado — isto é, a 1% do valor total do contrato
da obra. Por isso, nas palavras dele, os servidores "davam um toque"
no delator para que se lembrasse do "compromisso".
"Isso gerava cobranças
frequentes dos fiscais, que se davam aproximadamente a cada 10/15 dias, sempre
diretamente", relatou o delator.
Marco Túlio repassava os valores
aos fiscais da Prefeitura e a cobrança, segundo ele, ocorria "logo assim
que os valores eram recebidos da Prefeitura".
Os envelopes com dinheiros eram
entregues em locais movimentados como postos de gasolina e padarias, mas também
dentro das obras em salas reservadas para os fiscais.
Entenda o esquema de propina
Na operação "Rio 40
Graus" são investigadas duas obras: BRT Transcarioca, construído para
facilitar a mobilidade urbana durante a Copa e a Olimpíada, e a de recuperação
ambiental da Bacia de Jacarepaguá. A delação de Marco Túlio se refere a esta
última, que custou R$ 240 milhões. A outra foi avaliada em R$ 1,3 bilhão, mas
acabou custando R$ 700 milhões a mais.
Em ambas, tanto fiscais quanto o
secretário de Obras cobravam propina de 1% do valor da obra. O esquema, diz o
MPF, foi exportado da organização criminosa liderada por Sérgio Cabral (PMDB)
no Governo do Estado para o município. Inclusive, o secretário se referia a
propina como "taxa de oxigênio". Paes chegou a se referir a Pinto
como "nosso goleador". Na quinta, Paes disse que se a acusação se
confirmar será uma "decepção".
Segundo os procuradores, ao todo
foram cobrados R$ 27 milhões em propinas na obra da Transcarioca e outros R$ 9
milhões das obras da Bacia de Jacarepaguá. As investigações apontaram que o
dinheiro foi lavado de diversas maneiras, como através da compra de imóveis,
veículos, joias, pedras preciosas (como esmeraldas) e dinheiro em espécie,
inclusive em moeda estrangeira. O total apreendido ainda não foi divulgado.
Por Gabriel Barreira, G1 Rio
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