Esmeraldas
apreendidas durante operação Rio 40 graus
(Foto: Divulgação/Ministério Público Federal)
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Joias estavam no escritório da
advogada Vanuza Sampaio, presa em Niterói na manhã desta quinta-feira (3).
Segundo o MPF, ela forjava contratos que eram usados para pagamento de
propinas.
Agentes que participaram da
operação Rio 40 Graus, que prendeu 10 pessoas suspeitas de envolvimento em um
esquema de corrupção nas obras do corredor de BRT Transcarioca e da recuperação
ambiental da Bacia de Jacarepaguá, ambas realizadas durante os governos do
ex-prefeito Eduardo Paes, apreenderam esmeraldas no escritório da advogada
Vanuza Sampaio.
Nas fotos de um dos pacotes de
joias apreendidas, é possível ver uma anotação indicando R$ 501.742.
Vanuza foi presa na manhã desta
quinta-feira (3), em sua casa em Niterói, Região Metropolitana do Rio. Segundo
o MInistério Público Federal (MPF), ela usava seu escritório de advocacia para
forjar contratos fictícios, que eram usados para pagar propina a Laudo
Aparecido Dalla Costa Ziani, que atuava junto ao Ministério das Cidades para
obter a liberação dos recursos usados nas obras.
O principal alvo da Rio 40 Graus
é o ex-secretário municipal de
Obras, Alexandre Pinto, que também foi preso nesta quinta. De acordo com
o MPF, ele é suspeito de pedir 1% do valor das obras como propina - percentual
idêntico era repassado a Laudo Ziani, por meio dos contratos forjados por
Vanuza Sampaio. Ele, que é genro do ex-deputado federal por Pernambuco Pedro
Corrêa, foi preso em Jaboatão dos
Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
Escritório quintuplicou sua
receita bruta em três anos
O escritório de advocacia Vanuza
Sampaio Advogados Associados, que segundo o MPF fez um contrato de fachada para
intermediar o pagamento de propinas ao Ministério da Cidade, aumentou sua
receita bruta em 486% entre os anos de 2011 e 2013.
De acordo com as investigações, os
principais clientes do escritório em 2012, por exemplo, eram postos de
gasolina, concessionárias de veículos e empresas de comércio exterior. A maior
parte da clientela fazia pagamentos mensais abaixo de R$ 5 mil ao escritório,
valor muito inferior aos R$ 2,5 milhões pagos naquele ano pelo Consórcio
Transcarioca.
No pedido de prisão da advogada
Vanuza Sampaio apresentado pelo MPF à Justiça, os procuradores destacaram ser
evidente que o escritório dela “servia de fachada para o recebimento dos
recursos de propina pagos a agentes públicos por tais empreiteiras,
conhecidamente envolvidas nos maiores esquemas de corrupção do país”.
A investigação permitiu
identificar que R$ 6,5 milhões foram efetivamente repassados ao escritório da
advogada Vanuza Sampaio dentro do esquema de corrupção. Segundo os
procuradores, este valor foi transferido de diversas maneiras para Laudo Aparecido Dalla Costa Ziani, genro do
ex-deputado Pedro Corrêa. Ele e a dona do escritório, Vanuza Sampaio,
estão entre os dez presos na operação.
Ameaças
Os procuradores enfatizaram que
Vanuza Sampaio “mantinha um forte esquema de lavagem de dinheiro e recebimento
de vultuosos valores de propina em seu escritório de advocacia, mediante a
simulação de prestação de serviços que nunca existiram”.
Esmeraldas
estavam no escritório de Vanuza, no Centro
do Rio
(Foto: Divulgação/Ministério Público Federal)
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Um episódio registrado no curso
das investigações chamou especial atenção dos procuradores. Segundo o MPF, após
a deflagração da operação que
resultou na prisão de Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado,
foram divulgados alguns depoimentos dos executivos da Carioca Engenharia que
mencionavam pagamento de propina na obra da Transcarioca . Alguns dias depois,
Renato Neves Tonini, advogado de Rodolfo Mantuano, da carioca engenharia,
recebeu um bilhete que, segundo os procuradores, “evidentemente representou uma
ameaça ao aludido advogado e seu cliente”.
Conforme informado pelo MPF à
Justiça, um portador não identificado entregou no escritório de Tonini um
envelope contendo cópia de ação penal envolvendo crimes de tráfico de drogas,
com a qual o advogado não tinha qualquer relação, acompanhado de um papel
timbrado do escritório de Vanuza Sampaio em que estavam escritos seu nome,
endereço e telefones.
Para os procuradores, esse
episódio indica uma atuação da advogada Vanuza Sampaio com o objetivo de
intimidar a testemunha Rodolfo Mantuano e seu advogado. Com base nisso, o MPF
enfatizou a necessidade da prisão preventiva de Vanuza com o objetivo de
preservar as investigações. Além disso, os procuradores apontam ser grande a
probabilidade de que a advogada mantivesse a prática de crimes caso
permanecesse em liberdade.
Por Marco Antônio Martins e Daniel Silveira, G1 Rio
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